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Com projeto arrojado, PCdoB quer tirar Pernambuco do atraso

Em união com PT, PTB, PMN, PRB e PAN, PCdoB luta para alavancar a campanha de Luciano Siqueira ao Senado, um passo ousado na trajetória do comitê estadual de Pernambuco, reeleger Renildo Calheiros para a Câmara e montar uma bancada com três deputados esta

De São Paulo,
Priscila Lobregatte


 


Estado com 5 milhões de eleitores, berço de experiências progressistas como a Revolução de 1817 e a Confederação do Equador em 1824 e de figuras como Miguel Arraes, Gregório Bezerra e Marcos Freire, Pernambuco sofre hoje problemas comuns aos estados do Nordeste brasileiro. Pesquisa recente encomendada pelo Jornal do Commercio ao Vox Populi mostra que 37% dos entrevistados apontaram a falta de empregos como o principal problema enfrentado hoje pela população, seguido pela violência (25%).


A preocupação dos pernambucanos é legítima. O Dieese demonstra, em pesquisa de julho, que apenas na região metropolitana do Recife 328 mil pessoas estão desempregadas, ou seja, 21% da População Economicamente Ativa (PEA). Já o IPEA mostra, com dados colhidos entre 2001 e 2004, que Pernambuco é o estado  mais violento do país, com uma taxa de homicídio que chega a 49,3 por 100 mil habitantes.


Para tentar mudar realidades como essas, a ala progressista da política pernambucana tenta, nestas eleições, virar a mesa e acabar com a hegemonia da direita que vem governando o estado há oito anos, sob a batuta de Jarbas Vasconcelos, hoje afastado para candidatar-se ao Senado.


Antagonismos


O cenário atual é disputado por duas forças antagônicas. De um lado, partidos do campo progressista e de centro formam duas chapas:  Melhor para Pernambuco (PT, PCdoB, PTB, PMN, PRB e PAN) e Frente Popular (PSB, PL, PDT e PP). No campo oposto, está a União por Pernambuco, com PFL, PSDB, PMDB, PPS, PHS e PTN. “Historicamente, Pernambuco é um estado polarizado. Estas eleições se dão também a partir do enfrentamento de dois projetos. As pesquisas indicam a polarização entre Mendonça Filho [PFL] e Humberto Costa [PT], já que Eduardo Campos [PSB] faz parte do campo progressista”, diz Alanir Cardoso, presidente estadual do PCdoB/PE. Segundo a avaliação do dirigente, em caso de segundo turno, a tendência é a união entre Campos e Costa.


O quadro local está embaralhado e pode guardar surpresas. Hoje, o governador Mendonça Filho lidera a corrida para o palácio do Campo das Princesas, com 34% das intenções de voto, contra 22% de Humberto Costa e 19% de Eduardo Campos, segundo pesquisa Ibope de 18 de agosto. No entanto, na pesquisa espontânea, 52% disseram não saber em quem votar, o que indica que mais da metade dos eleitores ainda pode ser conquistada.



Apesar de o candidato da direita estar na frente, a posição da esquerda é positiva no estado. Lá, Lula tem a preferência de seis em cada dez entrevistados. Quando a pergunta é estimulada, o presidente atinge 73% das intenções. O alto índice do presidente pode ajudar o candidato petista. “Lula segue com grande  prestígio, explicado em boa parte pelas realizações do governo federal em Pernambuco, como a instalação da refinaria de petróleo, o pólo de poliéster e a construção de estaleiro, tudo isso em Suape; a instalação de Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) em Goiana, além do projeto da transposição do São Francisco e as obras da Transnordestina (BR101)”, lembra Cardoso.



Outro ponto que merece atenção é que cerca de 40% do eleitorado pernambucano está concentrado na região metropolitana e o que acontece ali acaba tendo ampla ressonância no restante do estado. Duas de suas principais cidades, Recife e Olinda, são governadas, pela segunda vez, pela esquerda, o que também pode ajudar na disputa para o governo do estado. Na campanha, João Paulo (PT) e Luciana Santos (PCdoB) aparecem com Humberto Costa, apoiando sua campanha. “Isso é um fator importante porque ambos foram reeleitos, derrotando essas forças que hoje governam o estado. A aliança PT-PCdoB foi a força motriz principal para esse êxito”, analisa Cardoso.



Cadeira no Senado




Ao Senado, a corrida se dá em torno dos nomes de Jarbas Vasconcelos (PMDB), que tem 69% das intenções de voto, Luciano Siqueira (PCdoB) e Jorge Gomes (PSB), que têm 4% cada. Também nesta disputa, é alto o percentual de eleitores que ainda não fizeram sua escolha: 65%. “Os conservadores governam há oito anos. Luciano é um nome respeitado, mas ainda pouco conhecido no estado, apesar de ter sido deputado estadual de 82 a 86 e ser vice-prefeito de Recife”, explica Cardoso.




Para ele, é essencial explorar mais a imagem de Luciano Siqueira. Uma das ações é um CD com a história e depoimentos do candidato, que tem sido distribuído pelo estado. Na televisão, a estratégia é polarizar com Vasconcelos e instigar o eleitor a questionar ações e posições do candidato da direita, bem como a necessidade de se ter um senador afinado com Lula. Segundo o dirigente comunista, “uma das questões que colocamos é a necessidade de Pernambuco ter um senador alinhado com Lula, principalmente no caso de sua reeleição, já que hoje os três são de partidos de direita. Isso dificulta ações em benefício do estado”.


Por outro lado, o foco da campanha será mostrar o que foi o governo Jarbas em áreas de maior interesse da população, como segurança, saúde e educação. “Pernambuco é o estado com maior índice de assassinatos de mulher do Brasil. Este será um dos pontos de nosso debate”, destacou Cardoso.  O desenvolvimento regional, o incremento da economia pernambucana e a distribuição de renda deverão ser algumas das principais bandeiras da candidatura de Luciano Siqueira.


“Nosso projeto é ousado. O fato de disputar eleição para o Senado é uma alteração de nossa história política dos últimos anos. E temos também dois candidatos a federal e dez a estadual. Participamos com um projeto que tem possibilidades reais de sair vencedor porque estamos bem situados politicamente”, diz Cardoso. A meta do partido no estado é reeleger Renildo Calheiros para a Câmara e montar uma bancada para a Assembléia Legislativa com três deputados estaduais, além de alavancar a campanha de Luciano Siqueira.  “O que queremos é que Pernambuco se reencontre com o sentimento progressista das forças avançadas e retome o caminho do crescimento”, finalizou o dirigente.


Veja a seguir alguns dos candidatos comunistas em Pernambuco. Clique aqui para acessar as páginas dos candidatos na internet já dispoíveis no Vermelho.




Senador


Luciano Siqueira – 656
Luciano Siqueira , 59 anos, formado em medicina pela  Universidade Federal de Pernambuco, foi líder estudantil na década de 60, destacando-se no combate ao regime militar, sendo preso e torturado. Foi eleito deputado estadual em 1982.
Atualmente é vice-prefeito reeleito da cidade do Recife.
Coordena o Comitê de Promoção dos Direitos Humanos e Prevenção à Violência.
Preside a Câmara Metropolitana de Política de Defesa Social


Deputado federal


Renildo Calheiros – 6513
Renildo Calheiros é formado em geologia e foi presidente da UNE. Em 1988, foi eleito para Câmara de Vereadores do Recife. Está em seu segundo mandato como deputado federal. Foi escolhido pelo presidente Lula para ser vice-líder do governo na Câmara e, durante dois anos, exerceu a bancada da liderança do PCdoB. Foi secretário de Governo na primeira gestão da prefeita Luciana Santos, em Olinda, e secretário adjunto de Governo de Miguel Arraes.


Nilton Ayres – 6555
Nilton Ayres é formado em Direito e Letras. É pós-graduado em Direito pela Universidade Potiguar do Estado do Rio Grande do Norte e atualmente cursa o Mestrado em Segurança Pública pela América Wolrd Univesit. Sempre esteve ligado aos movimentos sociais no município de Garanhuns.


Deputado estadual


Nelson Pereira – 65113
Nelson Pereira de Carvalho, 48 anos, iniciou sua militância política no Movimento Estudantil, quando cursava odontologia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Foi presidente do PT de Pernambuco. Está cumprindo seu segundo mandato na Assembléia Legislativa. Também foi prefeito do município de Mirandiba, no Sertão Central Pernambucano, nos anos de 1993 a 1996, elegendo seu sucessor e se reelegendo novamente no pleito de 2000.


Luciano Moura – 65111
Luciano Moura é formado em Engenharia e iniciou sua militância na juventude estudantil juntamente com Luciana Santos, de quem coordenou as campanhas vitoriosas em 1998, 2000 e 2004. Foi presidente do Instituto de Pesos e Medidas de Pernambuco (IPEM). Na Prefeitura de Olinda, foi secretário de Obras, Cultura e Governo desde a primeira gestão de Luciana Santos, em 2000.


Vicente André Gomes – 65644
Vicente André Gomes, 54 anos, é médico cardiologista. Já cumpriu três mandatos na Câmara de Vereadores do Recife (1982/1989/1993). Em 1994, foi eleito deputado federal. Atualmente, cumpre seu quarto mandato de vereador do Recife. 


Dra. Laura – 65333
Dra. Laura é médica e tem muitos dedicados à carreira de servidora pública.


Edvaldo Bione – 65165
Edvaldo Bione é médico, ex-vereador de Vitória de Santo Antão e possue uma grande liderança na região.


Sargento Quirino – 65123
Sargento Quirino foi, por duas vezes, o vereador mais votado de Petrolina.