Pinochet é interrogado por assassinato de Victor Jara

O ex-ditador Augusto Pinochet depôs por ofício no processo pela morte do cantor Víctor Jara, torturado e assassinado depois de ser preso durante o golpe militar de setembro de 1973. É o que revela o site on-line Terra, que cita fontes da justiça e militar

As fontes indicaram que não foi preciso requerer a perda de imunidade do ex-ditador, que contestou todas as perguntas preparadas pelo juiz.


 


Ao ex-governante se pediu para identificar os que estavam no comando do Estádio Chile, que se converteu no segundo maior campo de concentração depois do golpe perpetrado pelas Forças Armadas.


 


O procurador Nelson Caucoto lamentou não ter acesso ao sumário, mas se mostrou confiante de que estas diligências elucidem o que aconteceu com o autor de “Te recuerdo Amanda”, fundador da “Nova Canção Chilena”, que revigorou a música nacional chilena.


 


“Nos parecia absurdo que sendo o Estádio Chile o segundo local de reclusão mais importante depois do Estádio Nacional, com cerca de 5 mil prisioneiros, as autoridades militares da época tenham negado todo antecedente dos oficiais que comandaram o recinto. Então acredito que devia haver uma ordem disposta por Pinochet, porque ele tem que saber quem deixou a cargo do recinto do Estádio Chile”, disse Caucoto.


 


Na sua opinião é primordial determinar outras responsabilidades, como a do general da reserva Sergio Arellano Stark (processado no caso da Caravana da Morte) e de outros oficiais golpistas que comandaram tropas na Região Metropolitana.


 


O compositor, ator e diretor teatral foi preso em 12 de setembro de 1973 na ex-Universidade Técnica do Estado, atual Universidade de Santiago, onde lecionava. Depois de ser preso pelo pessoal do Exército, Jara foi visto pela última vez com vida em 15 de setembro, quando à tarde foi tirado de uma fila de prisioneiros que seriam levados ao Estádio Nacional.


 


Na madrugada do dia seguinte, o seu cadáver foi achado perto do Cemitério Metropolitano, ao sul de Santiago, ao lado de outros dois corpos, um dos quais pertencia ao diretor da Gendarmaria, Littré Quiroga Carvajal.


 


A Comissão Rettig estabeleceu que Jara foi brutalmente torturado no Estádio Chile. As perícias forenses determinaram que suas mãos (quebradas) e rosto estavam desfigurados e apresentava 44 perfurações de bala. É conhecida internacionalmente a história de que, após ter suas mãos desfiguradas, o militar que chefiava a tortura teria lhe entregado um violão e dito: “Toca agora”, e Víctor Jara teria ainda tentado tocar o instrumento.