China recepciona Chávez e refuta reclamação americana

A China ecebeu com tapete vermelho o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que desembarcou em Pequim nesta quarta-feira (23). A recepção coincide com “certas notas desconcertantes”, como a advertência de Dan Burton, congressista republicano e ex-subsecret

“Estão perfeitamente justificadas as relações econômicas e comerciais entre a China e a América Latina com base na igualdade e benefício mútuo”, é o minucioso título do artigo do Diário do Povo. O texto diz que as relações China-América Latina despertam crescente atenção da mídia internacional às vésperas da visita.



“Certas vozes desconcertantes”



“Nos últimos anos, as relações entre a China e a América Latina adquiriram um acelerado desenvolvimento. No terreno político, os dirigentes de alto nível das duas partes se visitam com crescente freqüência. Na diplomacia, a China estabeleceu relações com 21 dos 33 países latino-americanos. No terreno econômico o comércio bilateral, depois de superar o volume de US$ 40 bilhões, em 2004, rompeu a barreira dos US$ 50 bilhões em 2005. Além disso, a China logrou assinar um acordo de livre comércio com o Chile”, diz o jornal.



“À medida que as relações sino-latino-americanas se aceleram, ouve-se certas vozes desconcertantes”, diz o órgão do PCCh. E cita Dan Burton. Este disse que seu país devia “levar a sério” a expansão da China na América Latina, e assegurar-se de que a atuação chinesa no continente não contradiga os objetivos estadunidenses. “Dan Burton manifestou de forma descarada, numa conferência, que a presença da China na América Latina ocorre em detrimento dos objetivos dos EUA na zona latino-americana”, diz o jornal.



“É sabido que tanto a China como todas as nações latino-americanas, inclusive a Venezuela, são países em desenvolvimento. Por isto, ambas as partes têm plena consciência da necessidade e da factibilidade de sua cooperação em todos os terrenos. As relações econômicas e comerciais entre as duas partes não prejudicam nenhuma terceira parte, pelo contrário, favorecem o desenvolvimento da cooperação Sul-Sul”, prossegue o texto.



É globalização ou não é?



O Diário do Povo recorda a “política de reforma e abertura” que predominou na América Latina em fins dos anos 80 e início dos anos 90. Registra que, com ela, “um grande número de empresas pequenas e médias rapidamente se viram em dificuldade, por não estarem aptas a competir com os EUA, a Europa e o Japão”. Lembra também que as exportações chinesas para a América Latina, no valor de US$ 20 bilhões-ano, “representam apenas 5%” dos US$ 400 bilhões importados pelo continente.



“Na época da globalização, é inevitável a competição entre Estados e empresas. Desde o início da reforma e abertura na China, os países latino-americanos, tal como os desenvolvidos, aumentaram suas exportações para a China. Posto que os latino-americanos praticam uma política de reforma e abertura, é perfeitamente justificado que todos os países do mundo, inclusive a China, ampliem suas exportações para a América Latina”, argumenta o jornal.



O artigo polemiza com “certos veículos ocidentais”, que qualificam de “saque” e “neocolonialistas” as importações de produtos primários latino-americanos pela China. “Tais afirmações são pura tolice. É certo que a China aumentou as importações de produtos primários da América Latina, mas estas se harmonizam com os interesses dos países latino-americanos e são contabilizadas a preço de mercado. Trata-se integralmente de uma ação em igualdade e benefício mútuo”, afirma o Diário do Povo.



“Há muito tempo, os países latino-americanos seguem com empenho uma estratégia pluralista de diplomacia. Um dos componentes importantes dela é ampliar suas relações econômicas com o exterior, reduzir sua dependência do mercado norte-americano e buscar mais sócios comerciais em diversas partes do mundo”, prossegue o texto.



Chávez fará sua quarta viagem à China



Da parte venezuelana, o empenho na aproximação pode ser medido pelo fato da visita de Hugo Chávez a Pequim ser a quarta desde que ele assumiu a presidência, em 1998. O objetivo da viagem é acertar uma aliança no intercâmbio petroleiro, visando superar a dependência do mercado americano para as exportações. Chávez também assinará acordos de colaboração em agricultura, ferrovias, mineração, habitação, turismo, telecomunicações e tecnologia da informação.



“O gigante que é a China está crescendo de maneira que surpreende todo o mundo. A China tem muito dinheiro e quer investir. Vamos convidar esses capitais chineses. Estamos em um novo momento, eles fortalecidos, nós fortalecidos, é o momento de unir”, diagnosticou Chávez, que permanece mais satanizado do que nunca sob a ótica de Washington.



Com Diário do Povo (http://spanish.people.com.cn/) e agências