Sede de sindicato rural é atacada a mando de fazendeiro

Pela segunda vez em menos de três anos, a sede do Sindicato dos Empregados Rurais de Ribeirão Branco (cerca de 350 quilômetros de São Paulo) foi atacada por capangas a mando do fazendeiro Aristeu Ferreira da Silva. A agressão ocorreu na madrugada de sábad

Armados de paus e pedras, os agressores quebraram todas as vidraças da frente e das laterais da sede. Tentaram também arrombar a porta que dá acesso ao prédio. Com a barulheira e confusão, os vizinhos chamaram a polícia, que quando chegou ao local não encontrou ninguém.


 


O motivo para o ataque é a tentativa de intimidação de dirigentes sindicais, que denunciam a superexploração de mão-de-obra que ocorre na propriedade de Aristeu. Segundo o diretor da Federação da Agricultura Familiar, Nivaldo de Siqueira Gomes, a ação foi premeditada e não buscou apenas intimidar os trabalhadores. ''Os bandidos deixaram um recado bem claro para os vizinhos, ou seja, que da próxima vez eles vão pegar um a um'', disse.


 


Para Nivaldo, a questão foi agravada em razão dos processos contra o fazendeiro que estão em fase de execução. ''Ele sabe que pode ser condenado e isso motivou as agressões como forma de intimidação'', acrescenta José Vicente.


 


Luta de classes
O sindicato tem denunciado constantemente o fazendeiro, inclusive ao Ministério do Trabalho, por graves infrações de ordem trabalhista que vão desde a exploração de mão-de-obra escrava ao trabalho infantil.


 


Em março de 2003, após diversas denúncias do sindicato, a DRT (Delegacia Regional do Trabalho) realizou uma blitz na região em várias propriedades. Em seguida, prendeu quatro fazendeiros, entre eles Aristeu, um dos maiores produtores de tomate da região. O fazendeiro ficou detido até o dia 14 de abril daquele ano e, após ter sido solto, promoveu diversos atentados contra trabalhadores.


 


À época, ele e seus jagunços invadiram a sede do Sindicato, destruíram documentos, arquivos e móveis. Dias depois, a casa do presidente da CUT, José Vicente Felizardo, foi arrombada. Sua esposa e seu sogro foram agredidos a pontapés e ameaçados de morte. O caso foi reportado à polícia e ao Tribunal Superior do Trabalho e gerou forte reação da sociedade local.


 


A CUT, a Federação da Agricultura Familiar, o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Ribeirão Branco e o Sindicato dos Empregados Rurais de Ribeirão Branco, entre outras entidades democráticas de trabalhadores repudia com veemência esse tipo de agressão e exige providências imediatas das autoridades.