MST quer liberdade de Amorim, preso em enterro de sem-terra

O MST denunciou a arbitrariedade contra Jaime Amorim, integrante da coordenação nacional do movimento que foi preso nesta segunda-feira (21/8), na zona da mata de Pernambuco. O dirigente está encarcerado no presídio Cotel, em Abreu e Lima, região metro

Às 13 horas da segunda-feira, o carro onde viajava Jaime Amorim foi cercado por quatro viaturas da polícia na saída do município de Itaquitinga. O sem-terra saía do enterro de Josias de Barros Ferreira, integrante da coordenação estadual do movimento, e seguia para o enterro de Samuel Matias Barbosa, também da coordenação, em Vitória de Santo Antão. Ambos foram assassinados ontem (21) pela manhã.


 


Segundo a polícia, havia um mandato de prisão expedido contra Amorim desde o dia 6 de julho, por crime de dano durante manifestação contra a visita ao Brasil do presidente norte-americano, George Bush, em 5 de novembro do ano passado.


 


Para o MST-PE, não há nenhuma explicação razoável para o fato da prisão só ter sido realizada agora, mais de um mês após a emissão do mandato. A polícia alegou que Amorim não tem endereço fixo, o que teria inviabilizado a entrega da intimação.


 


O sem-terra, no entanto, possui endereço residencial e de trabalho fixos e conhecidos. ''Não existe nenhum motivo aparente para que ele tenha sido preso de maneira tão arbitrária e em momento tão inadequado'', divulgou, em nota, o MST.


 


Confira a íntegra da nota


 


 


NOTA DA DIREÇÃO ESTADUAL DO MST EM PERNAMBUCO
 


A Direção Estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Pernambuco vem a público repudiar a intensificação do processo de criminalização do MST, através da prisão e perseguição dos seus dirigentes e militantes em Pernambuco, pelo governo do Estado através do seu aparato policial e judiciário.
 


Em um momento de dor e tristeza, em que o MST enterra dois de seus dirigentes estaduais, assassinados no dia anterior, a Policia Militar de Pernambuco, em clara atitude de provocação, prende arbitrariamente o Coordenador Nacional do MST, Jaime Amorim.
 


Enquanto a policia militar usou todo o seu aparato para prender o dirigente do MST, nenhum esforço foi feito por parte dessa mesma policia no sentido de prender os assassinos dos companheiros Josias Barros e Samuel Matias Barbosa. Ao contrario do que a policia e a imprensa quer fazer crer, os dois dirigentes estaduais não foram assassinados por outros companheiros, mas sim por pessoas infiltradas no acampamento com o intuito de desmobilizar os agricultores Sem Terra e desmoralizar o Movimento. Eles foram mortos defendendo a bandeira da reforma agrária contra a manipulação política e os interesses do capital.
 


A prisão de Jaime, feita nesse momento e dessa maneira, tem como claro objetivo confundir a opinião publica e desviar a atenção das verdadeiras razões dos assassinatos dos dois militantes do MST.
 


Diante disso, a posição da Coordenação Estadual do MST em Pernambuco é de exigir a libertação imediata de Jaime Amorim e a prisão dos assassinos de Josias e Samuel.
 


Ontem (21) foi encaminhado pedido de Hábeas Corpus ao Presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Dr. Fausto Freitas, para a libertação imediata de Jaime Amorim;
 


Já foi dado inicio ao processo de pressão política junto ao Ministério Público de Pernambuco pela prisão dos culpados pelas mortes de Josias e Samuel;
 


Toda a militância do MST em Pernambuco está, desde já, em alerta. Caso até o final do dia de hoje (22) não tenhamos nenhuma resposta com relação à libertação do Coordenador Nacional, Jaime Amorim, e à prisão dos assassinos dos dois companheiros, a militância do MST no Estado está preparada para mobilizar todo o estado na luta contra a impunidade e pela Reforma Agrária.
 


Recife, 21 de agosto de 2006


 


Direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em Pernambuco