Nas avaliações da propaganda eleitoral, Lula vence Alckmin

Na avaliação dos cientistas políticos, a propaganda eleitoral no rádio e na TV não apresenta surpresas até agora. A campanha eleitoral de Lula está desenhada e a orientação é “seguir o roteiro”, na certeza de que, mesmo na eventualidade de um segundo t

O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, deu sinais de que pretende atacar o presidente Lula com mais agressividade, atendendo as orientações dos aliados pefelistas. Gastou, contudo, parte do final de semana minimizando os sinais de crise em sua campanha. Não consegue demonstrar que tem condições de mudar sua situação e começa a receber críticas públicas dos aliados.


 


Enquanto alguns aliados cobram contundência imediata, o candidato pede calma e um voto de confiança nos rumos que está dando à campanha.


 


Tarefa do PSDB



 
Os tucanos procuram minimizar os efeitos, dizendo que Alckmin está subindo “aos poucos” nas pesquisas internas e tentam animar os aliados. Os pefelistas – liderados pelo senador Antonio Carlos Magalhães (BA) – querem Alckmin mais ofensivo, atacando Lula. Essa estratégia, no entanto, não anima o tucanato. Os políticos do partido têm dúvidas se ataques diretos a Lula, tratando ou não dos casos de corrupção e da falta de ética de seu governo, podem render mais votos ao candidato tucano.


 


O mais provável é que o ex-governador de São Paulo não mude a estrutura da campanha. Fará isso mesmo correndo o risco de consolidar ou pelo menos contribuir para aumentar o nível de resistência dos aliados, que se sentem ignorados por Alckmin.


 


Os pefelistas se queixam de que o candidato impôs um estilo próprio de fazer campanha, o mesmo adotado na disputa pelo governo de São Paulo, sem perceber que, agora, se trata de uma campanha nacional. Para eles, Alckmin tem sustentação política maior que a de Lula nos Estados, mas a campanha não deslancha.


 


O PSDB e PFL sabem que isso está acontecendo porque Alckmin não sobe nas pesquisas e, assim, enfrenta a resistência natural daqueles que temem estar se associando a um derrotado. Os tucanos tentam reverter essa corrente pessimista insistindo que a candidatura vem crescendo, embora lentamente.



 
A prova dos nove



 
A propaganda eleitoral desta semana será uma boa oportunidade para constatar se foi bem sucedida ou não a tentativa do presidente do PSDB, Tasso Jereissati, de exigir que os aliados nos Estados citem o nome de Alckmin no horário eleitoral. Para os tucanos, essas análises pessimistas em relação ao candidato são conjecturas e, no momento certo, surgirá o apoio nos Estados.



 
Os descompassos são muitos. Alckmin gostaria de anunciar nesta quarta-feira (23) um pacote de propostas legislativas e administrativas do programa de combate à violência, um dos tópicos do programa de governo. Mas se quiser insistir na agenda corre o risco de fazer o anúncio sozinho. Tasso estará fazendo campanha no Ceará e o senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL, estará em Santa Catarina.


 


Nessas condições não está descartada a possibilidade de um adiamento, inclusive porque a data foi escolhida para fazer um contraponto ao anúncio, na mesma data, do programa de governo de Lula. O programa de reeleição, no entanto, também não ficou pronto.



 
Resposta positiva



 
O comando da campanha de Lula acompanha a desarmonia entre tucanos e pefelistas e define os passos para encerrar a disputa, de fato, no primeiro turno. Nos últimos dias, o Planalto teve um “feedback” positivo dos eleitores por meio de pesquisas qualitativas internas. Uma delas, por exemplo, pediu uma avaliação da participação do presidente candidato na entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo. Os eleitores ouvidos, segundo fontes do Planalto, fizeram uma avaliação positiva de Lula.


 


O resultado animou os estrategistas da campanha e permitiu a percepção de que a população tem uma visão muito diferente daquela que a mídia faz dos fatos. Mais do que isso, confirmou a avaliação de que a campanha está no tom adequado. Lula continuará tendo reuniões temáticas, a exemplo do que já fez com cientistas e profissionais da área de educação.


 


Nesta segunda-feira (21), ele se reúne com um grupo de artistas no Rio de Janeiro, na residência do ministro da Cultura, Gilberto Gil. Dessas conversas, novas idéias para integrar o programa de governo e as 32 cartilhas temáticas que serão divulgadas até outubro.



 
Sem medo
 
Quanto à possibilidade da campanha se tornar “mais violenta”, Lula também já definiu: se os tucanos vierem com ataques pessoais, a resposta será baseada nas realizações de seu governo. Quanto mais intensos os combates, maior o fôlego de Lula para exibir os resultados positivos da sua gestão.


 


O comando da campanha considera que o presidente deve manter a tranqüilidade porque o cenário é favorável à reeleição. Nas regiões Norte e Nordeste, Lula está consolidado. Alckmin é um desconhecido. Na região Centro-Oeste, o presidente não consolidou a preferência junto ao eleitorado. No Sul e Sudeste, sua votação é muito baixa e Alckmin aparece melhor posicionado.



 
A hipótese da disputa ser definida em segundo turno é considerada e está vinculada à candidata do PSOL, Heloisa Helena. Nos bastidores, é possível encontrar aqueles que defendem “jogar um gás” na campanha de Heloisa Helena, porque a avaliação é a de que ela está tirando votos de Alckmin e não de Lula.


 


O Planalto considera que tanto Heloisa Helena como o candidato do PDT, Cristovam Buarque, podem crescer nas pesquisas. Nessa análise, Alckmin também aparece com condições de superar os 30% das intenções de votos nas pesquisas. Mas dificilmente conseguirá se tornar um personagem reconhecido nacionalmente.


 


Com agências