Trabalhadores assumem compromisso de classe com a reeleição

Num discurso emocionado, para um público calculado entre 3.500 e 6.500 trabalhadores, o  presidente Luiz Inácio Lula da Silva renovou sua frase célebre,  “ninguém nunca mais ouse duvidar da capacidade de luta dos trabalhadores”.  “Que ningu

O maior contingente do público no ato desta sexta-feira (18) era formado por metalúrgicos do ABC, a categoria que projetou o sindicalista que se tornou presidente, e por sindicalistas da CUT. Mas dirigentes das outras centrais também compareceram e discursaram expressando seu empenho pela reeleição.



Ecos da grande greve de 1980



Entre estes estava Ricardo Patah, do Sindicato do Comércio de São Paulo, tesoureiro da Força Sindical. O presidente em exercício da Força, Juruna, não abre seu voto mas admite que o apoio a Lula cresce na central (veja mais em www.vermelho.org.br/base.asp?texto=6456), enquanto o Paulinho da Força, candidato a deputado federal pelo PDT-SP, está com o candidato sa sigla, Cristovam Buarque.



Presentes também Canindé Pegado, presidente da CGT. E Enilson Simões de Moura, o Alemãozinho, presidente da Social Democracia Sindical (SDS). O Alemãozinho, que rompeu com o PSDB, fez um pronunciamento enfático de apoio a Lula.
O ato de ontem foi também um reencontro histórico, Lula, Alemãozinho,  na época da base da Volkswagen, e figuras como João Batista Lemos, da Corrente Sindical Classista, também presente, o sindicalista, que se projetaram na grande greve metalúrgica de 1980, que marcou época na luta contra a ditadura. A frase original de Lula sobre a capacidade da classe fez parte de uma intervenção quando helicópteros da Polícia Militar sobrevoavam ameaçadoramente o Estádio de Vila Euclides, onde os grevistas se reuniam em assembléia.



Lula fez um discurso emocionado e com forte marca de classe. Depois de lembrar a sua origem no movimento sindical, afirmou que “mesmo nos momentos mais difíceis desse governo, eu sempre soube que tinha ao meu lado a maioria da classe trabalhadora”. A platéia, entusiasmada, entoava o coro de ''Lula, guerreiro, do povo brasileiro''.



No apoio da classe ao presidente, porém, os argumentos da razão superam os da emoção. O presidente apresentou aos  trabalhadores uma série de dados sobre o aumento do poder de compra da população, a redução dos preços da cesta básica e dos materiais de construção. Teve destaque o levantamento do Dieese, divulgado na véspera, mostrando que 82% dos reajustes salariais de primeiro semestre superaram a inflação e 96% pelo menos a igualaram.



Brasil potência energética



O presidente também ressaltou os avanços do país em áreas, como a de energia, que têm se refletido diretamente na geração de empregos. Um dos exemplos citados foi o do desenvolvimento do biodiesel que, em apenas 20 meses de produção, gerou 205 mil empregos no campo.



“O país está preparado para dar outro salto de qualidade na questão energética. Seremos a maior potência energética do planeta”, sentenciou. Lula também reforçou o seu compromisso em realizar um segundo mandato baseado no tripé desenvolvimento, distribuição de renda e educação de qualidade.



Antiimperialismo de fato



Na opinião de dirigentes presentes no Juventus, Lujla fez um discurso antiimperialista sem pronunciar a palavra imperialismo. Em resposta aos críticos da política internacional realizada no seu governo, Lula lembrou que, ao tomar posse, o Mercosul estava destinado a acabar e que hoje está mais forte do que nunca. Destacou a criação da Comunidade Sulamericana das Nações e relembrou que, em 30 meses, visitou 17 países africanos.



Lula observou também que não viu na platéia nenhuma faixa com os dizeres “Fora FMI”, e isso se devia ao fato de o seu governo ter zerado a dívida com o fundo monetário. “Nós estabelecemos uma nova ordem na discussão política e econômica internacional”, afirmou.



''Não perder a calma jamais''



Ao comentar a postura da oposição, Lula foi bem humorado: “Sei que eles virão com caneladas e cotoveladas, mas o meu papel é ficar tranqüilo, não agredir ninguém”. E, depois de aconselhar os militantes a “colocar caneleiras e não perder a calma jamais”, completou: “Eles vão ter que aprender que o tempo deles acabou e nós iniciamos um novo tempo”, finalizou.



Várias lideranças políticas que falaram no evento. Entre elas, estavam o presidente do PT, PCdoB e PSB, Ricardo Berzoini, Renato Rabelo e Roberto Amaral.



O candidato do PT-PCdoB ao governo paulista, senador Aloizio Mercadante, elogiou a presença maciça dos sindicalistas no evento e questionou o fato da campanha tucana não ter citado uma única vez o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Eles não tem coragem de defendê-lo. Eu, ao contrário, tenho orgulho de fazer parte desse projeto que, com Lula à frente, está melhorando o país”, disse Mercadante.



O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) fez um discurso de dura demarcação com o bloco da oposição conservadora. Durante a campanha, Aldo tem tido o cuidado de distinguir quando fala como presidente da Câmara, em nome da instituição, e quando se pronuncia como candidato e particinate da campanha Lula; nestas últimas ocasiões, solta o verbo.



Cartilha com autógrafo



Durante o evento, foi lançada uma cartilha com um balanço das ações do governo Lula e dados comparativos com a gestão anterior. Destinada à militância dos partidos da coligação A Força do Povo (PT, PC do B e PRB). A intenção, segundo Marlene da Rocha, secretária de formação política do PT, é distribuir um milhão de cópias por todo o país.



A publicação, muito colorida, com linguagem acessível e uma série de infográficos, gerou um dos momentos de entusiasmo da noite: os sindicalistas fizeram fila para que Lula autografasse os seus exemplares.



Em outro momento de emoção, Lula convidou o padre Júlio Lancelotti, que estava na platéia, a subir ao palco para rezar um Pai Nosso pela recuperação de dom Luciano Mendes, que está internado na UTI do Hospital das Clínicas de São Paulo.