Heloísa admite “disputas internas” na sua base de apoio

A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), candidata presidencial da coligação PSOL-PSTU-PCB, admitiu neste sábado “disputas internas” na frente que a apóia. “Disputar a eleição é uma tarefa muito difícil por causa das condições objetivas, das disputas internas

Estimulada pelos dois dígitos nas pesquisas e pela boa-vontade da mídia, Heloísa disse também que “Deus castiga” se ela reclamar nos números da sondagem do Ibope divulgada na sexta-feira, onde ela repete 12% de intenção de voto (Lula tem 47% e Alckmin 21%). Mas a nova realidade acirra tensões dentro da Frente de Esquerda, como foi batizada a coligação tripartite que a apóia. A entrevista da semana passada para o Jornal Nacional da TV Globo foi a gota dágua.


 


“Posições equivocadas”



Os pontos mais polêmicos foram sobre a reforma agrária. HH disse que “seria impossível fazer a expropriação de terra”, como prega o programa de seu partido. Indagada por Fátima Bernardes se iria tomar terras de proprietários rurais, a senadora foi enfática: “Eu não posso meu amor, porque a Constituição proíbe. Programa de partido se trata de objetivos estratégicos do partido. Não tem nada a ver com programa de governo”.



As afirmações provocaram uma resposta no artigo “Heloísa no Jornal Nacional: De acordo com a lei?”, de Mariúcha Fontana, da direção do PSTU. Esta inicia elogiando a entrevista “desde o ponto de vista eleitoral”. Mas a seguir proclama que as posições apresentadas por Heloísa “são equivocadas e se chocam com bandeiras importantes do movimento de massas”.



Para Mariúcha, “a diferenciação feita por Heloísa entre o programa do partido e do governo é um equívoco. Na verdade, essa postura é tradicional dos partidos da burguesia no Brasil, seguida também pelo PT. A própria Heloísa lutou diretamente contra isso”, afirma a dirigente do PSTU.



Com maior discreção, as mesmas opiniões geraram descontentamentos no interior do PSOL. O partido de HH é integrado por numerosas tendências, com filiações internacionais distintas. O deputado federal Babá (João Batista Oliveira de Araujo), da Corrente Socialista dos Trabalhadores, ligada à 4ª Internacional trotskista, por exemplo, depois da invasão da Câmara pelo MLST pronunciou-se da tribuna, dizendo que “o companheiro Bruno Maranhão [que dirigiu o quebra-quebra] pode ter-se equivocado nessa ação, mas não pode ser tratado como bandido”.



As reações levaram a candidata a fazer uma promessa solene e reiterada — “Podem estar certos de qe eu vou fazer a reforma agrária” — no debate da Rede Bandeirantes entre os presidenciáveis. Mas Heloísa não voltou ao mérito da questão que divide suas bases. Estas não são tão numerosas que permitam um estado de “guerra entre nós e paz aos senhores”.



Com agências