CUT x “Época”: João Felício contesta reportagem tendenciosa

Leia abaixo a íntegra da carta enviada pelo secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, ao diretor-executivo e aos leitores da revista Época.

A matéria assinada pelo jornalista Murilo Ramos na última edição da Revista Época é um exemplo de manipulação e deformação da realidade, de preconceito impresso, divulgando amplamente mais do que erros, fantasias e agressões, num ódio visceral de classe contra os que lutam por um Brasil mais justo, soberano e desenvolvido.


 


Diante das inúmeras mentiras e bobagens assacadas contra a integridade da minha trajetória, de companheiros de luta e da Central Única dos Trabalhadores, em nome da verdade, cabe expor o que se segue:


 


1. Em nenhum momento a matéria cita uma única das inúmeras greves, lutas e manifestações realizadas por nossa central sindical durante o governo Lula, seja por reajuste salarial ou melhores condições de vida e trabalho, como as que redundaram na Marcha do Salário Mínimo e no maior reajuste das últimas duas décadas. A razão de tal “esquecimento” é simples: não houve e não há Central que tenha feito ou venha fazendo tanta pressão e mobilização junto ao governo para romper com a herança de arrocho e precarização de direitos deixada pelos neoliberais.


 


2. O quadro com a minha foto, onde se lê quanto ganha no Conselho do BNDES – R$ 10.600; quanto ganharia com salário de professor secundário – R$ 1.500 – é uma manipulação grotesca, pois induz o leitor ao erro. Sem fazer menção que meu pagamento como professor foi suspenso pelo então governador Geraldo Alckmin – que informei e fiz questão de frisar ao “jornalista” Murilo Ramos, que assina a matéria – o quadro dá a entender que, como representante da CUT no Conselho de Administração do BNDES receberia R$ 10.600 todos os meses. Na verdade, este é o valor trimestral da representação – como afirma a matéria na página anterior – que, com os descontos, acaba sendo de R$ 3.043,50 mensais, o que não paga sequer as despesas que a central tem com deslocamentos, hospedagens, estudos e profissionais envolvidos para qualificar nossas intervenções neste importante Conselho.


 


3. Finalmente, cabe esclarecer que o Conselho de Administração do BNDES é o órgão superior de orientação do Banco, tendo sido ampliado no ano de 1996, durante a gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso, quando foram destinados dois assentos aos empresários e dois às centrais sindicais (CUT e Força). Portanto, a minha indicação enquanto representante cutista no Conselho é mais do que natural, não havendo nem sombra de apaniguamento, deturpação grosseira com que a publicação tenta atingir a minha integridade e a do governo ao qual tenho a honra de defender a reeleição.


 


4. Não ocupo nenhum cargo no governo Lula, o que muito me honraria. O cargo no Conselho do BNDES é da CUT, a quem represento como membro da executiva nacional praticando um dos seus princípios basilares, que é o da autonomia sindical.


 


5. Na nossa compreensão, só haverá real liberdade de imprensa no país quando deixar de haver matérias que tem por único objetivo enlamear a vida das pessoas para desqualificar suas posições políticas. Note-se que em nenhum momento o artigo cita qualquer outro dos representantes da sociedade no Conselho do BNDES (Força Sindical, Fiesp e Firjan).


 


6. Para reparar o erro, não basta apenas a publicação desta carta na seção dos leitores, é preciso que a revista dê aos seus leitores a dimensão real das atividades e trabalhos que vêm sendo desenvolvidos, seja pela CUT ou pelo Conselho do BNDES. Sugiro uma nova matéria sobre o assunto para reparar, mesmo que parcialmente, a agressão por mim sofrida.


 


João Antonio Felício, secretário de Relações Internacionais da CUT