Sem categoria

O diferencial do PCdoB na campanha eleitoral é a militância comunista

Comissão Política Nacional do PCdoB debate o projeto eleitoral do partido; em sua intervenção, Renato Rabelo, presidente do Partido, ressalta o papel que a militância comunista pode desempenhar na conquist

Estamos vivendo um momento importante da campanha eleitora, a menos de 45 dias da eleição. Esta avaliação foi feita pelo presidente nacional do Partido Comunista do Brasil hoje, na abertura daquela que poderá ser a última reunião da Comissão Política Nacional antes da eleição de primeiro de outubro. A reunião ocorreu na sede nacional do PCdoB, em São Paulo, com um único ponto de pauta: o debate da campanha eleitoral em curso e do projeto político eleitoral do PCdoB.


 


Como ressaltou Renato Rabelo, Lula mantém seu favoritismo. Sua candidatura está consolidada e alcança a marca de 36% das declarações de voto na pesquisa espontânea – que registra o voto já decidido pelo eleitor e que dificilmente será modificado. E, dizem os especialistas, esse patamar indica que a eleição poderá até ser decidida já no primeiro turno. As últimas pesquisas confirmam também que Lula vence em todas as regiões brasileiras, com folgada dianteira sobre Alckmin nas regiões Norte e Nordeste, e uma diferença menor nas regiões Sul e Sudeste. Performance semelhante é percorrida pelo presidente nas camadas mais pobres da população. A base principal de Lula é formada pelas chamadas classes D e E, embora haja avanço também na classe média.


 


É importante dizer, pensa Renato, que a resistência contra Lula na classe média reflete a forte campanha de fundo moralista promovida pela oposição de direita contra seu governo. Este é um setor da população onde o discurso da ética repercute com força. Mas, diz o dirigente comunista, pouco a pouco a classe média vai tomando consciência da falsidade e da hipocrisia desse discurso em defesa da ética feito pelos tucanos e pefelistas.


 


Outro aspecto que precisa ser levado em conta é a melhoria na situação de vida da classe média em decorrência do câmbio, que mantém o real valorizado, e da inflação baixa. Além disso, há também razões de ordem política pois alguns setores da classe média compreendem que Lula tem feito um grande esforço para atender à população mais pobre. São setores de classe média que julgam importante que a sociedade tenha maior equilíbrio.


 


A situação é favorável para a reeleição de Lula também sob outros pontos de vista. No campo econômico, por exemplo, tudo indica que não haverá turbulências até o dia da eleição, e o PIB vai crescer entre 3,5% e 4%. Há ainda temas que Lula abordou no programa de televisão, como o desenvolvimento com distribuição de renda, a reforma política (como enfatizou já no primeiro programa), a questão da ética – ''mensalão'', ''sanguessugas'', etc -, que o presidente enfrenta colocando o problema em sua verdadeira dimensão, isto é, que se trata de vícios do ultrapassado sistema político brasileiro.


 


A questão ética pode, inclusive, respingar no candidato tucano, Geraldo Alckmin, como mostra a operação Dilúvio, da Polícia Federal, e que prendeu 97 pessoas envolvidas num grande esquema de contrabando que traz ao primeiro plano, outra vez, a butique de luxo Daslu, com a qual a família de Geraldo Alckmin tem relações estreitas: sua filha mais velha, Sophia, é gerente de novos negócios do templo do consumo dos ricaços brasileiros.


 


Há duas questões, em relação à ética, que precisam ser lembradas.


 


Em primeiro lugar, o governo respondeu aos ataques da direita através de gestos. O PT mudou sua direção nacional, sinalizando uma atitude do partido em relação aos acusados. E Lula afastou todo seu núcleo de governo, inclusive os dois principais pilares, José Dirceu e Antonio Palocci. Isso não foi qualquer coisa como resposta, atitude, gesto, disse Renato.


 


Em segundo lugar, este foi o governo que mais investigou irregularidades, sob o qual a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União, o Ministério Público e as CPIs tiveram ampla liberdade para agir, num avanço democrático significativo em relação ao que ocorreu sob Fernando Henrique Cardoso, quando todas as CPIs foram arquivadas. Houve inclusive uma manifestação de cem mil pessoas em Brasília pela abertura de uma CPI contra a ''privataria'', as privatizações promovidas por FHC, mas nem assim foi possível abrir uma CPI.


 


Renato referiu-se também à elaboração do programa de governo de Lula, que está adiantada, e ao bom andamento das reuniões do Conselho Político da Frente, que já realizou três reuniões, com a presença de Lula e do vice José Alencar.


 


Do lado dos tucanos, disse, Geraldo Alckmin oscila para baixo; eles não têm discurso nem propostas para apresentar. Procuram veicular que ele é um bom administrados, falam em ''choque de gestão'', ''defesa da ética'', mas não passam disso, presos num dilema estratégico: fazer um discurso propositivo ou atacar o governo Lula? Eles escondem Fernando Henrique e tropeçam na questão da segurança, sobretudo, com os ataques do PCC em São Paulo.


 


A esperança deles é a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na tevê, mas mesmo ela tem limites pois, segundo os especialistas, pouca gente – cerca de 20% – acompanha esses programas. Por isso a tática deles é empurrar a decisão para o segundo turno, no qual pensam que poderão ter melhores condições de competir com Lula.


 


 


O projeto do PCdoB


 


 


O PCdoB entra nesta campanha eleitoral com a possibilidade de eleger até 20 deputados federais, dois senadores, podendo fazer 2% dos votos para a Câmara dos Deputados em pelo menos nove estados, e 5% dos votos para o Senado.


 


Renato destacou a novidade desta eleição, na qual candidaturas comunistas majoritárias, para o Senado, como a de Jandira Feghali (Rio de Janeiro), Inácio Arruda (Ceará), Luciano Siqueira (Pernambuco), Aldo Arantes (Goiás) ou Professora Janete (Mato Grosso) têm, pela primeira vez, o apoio de partidos maiores, como o PT e o PMDB.


 


''Precisamos nos preparar para estes quarenta e poucos dias'', disse o dirigente comunista. ''Precisamos de um plano, nacional e nos Estados'', frisou, chamando a atenção para o envolvimento da direção nacional na campanha, através de:


       – ajuda aos Estados na direção política das campanhas
       – controle do andamento das campanhas por meio de informações sistemáticas
       – presença política nos Estados de quadros da direção nacional
       – apoio aos Estados com quadros que tenham experiência de campanha.


 


Partindo da constatação da forte rejeição às candidaturas a deputado em conseqüência da chamada ''crise ética'' decorrente da campanha da direita contra o governo, Renato chamou a atenção para a importância de se frisar, para o eleitor, a diferença representada pelo PCdoB, que muitos eleitores percebem e expressam dizendo que ''vocês não estão metidos nisso''. Este é um argumento importante para o debate corpo a corpo pois as candidaturas comunistas em boa receptividade e baixa rejeição.


 


Finalmente, Renato ressaltou a importância de se acumular forças e recursos para o mês de setembro, quando a campanha entra em fase decisiva. Ele enfatizou o papel da ''infantaria'', isto é, da militância, nesta campanha. Ela será fundamental para a panfletagem, sobretudo no último mês, informando à população sobre os candidatos comunistas.


 


Nesta campanha, disse ele, alguns instrumentos terão destaque, entre eles a panfletagem, mais tradicional, e novidades como placas móveis, movidas a reboque de bicicletas. Será importante também instruir o eleitor sobre como votar neste pleito onde o cidadão terá que dar cinco votos (deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente da República).


 


É um conjunto de tarefas que precisam ser enfrentadas com determinação, para garantir o sucesso do projeto eleitoral do PCdoB. E a questão crucial, disse, será a mobilização da militância. Os milhares de militantes comunistas precisam estar mobilizados e envolvidos na campanha, desde os quadros dirigentes até todos os membros das organizações de base. Este é o diferencial do PCdoB e a garantia de levar a mensagem comunista aos eleitores, contribuindo para a eleição de nossos candidatos.


 


Por José Carlos Ruy