45 dias em que a militância decide a campanha

Por Renato Rabelo*
Com o início do horário eleitoral gratuito de rádio e televisão, a batalha política sobre os rumos do Brasil ganha novo impulso. Serão 45 dias em que as atenções dos 124,5 milhões de eleitores – entre os 184 milhões de brasileiros –

Diante de uma oportunidade desta, não se pode ter qualquer espírito burocrático ou rotineiro. Ela exige a concentração de toda a energia criativa da valiosa e combativa militância comunista. É o futuro do país e do próprio partido que está em jogo!



A batalha eleitoral deste ano tem as suas particularidades. Não dá para encará-la no automático, na mesmice. Do ponto de vista político, é a primeira vez que as forças populares e democráticas estão no governo central da República. A campanha se torna mais complexa e menos emotiva, o que exige maior capacidade de argumentação para defender os avanços do primeiro mandato do presidente Lula, demonstrar as diferenças com o nefasto reinado de FHC, denunciar sua herança maldita e apontar a necessidade de avançar nas mudanças. O PCdoB está bem posicionado para esta batalha. Ele tem lado. Está com Lula! Como indicam as pesquisas, estas idéias-chave têm força junto ao povo e devem ser capitalizadas ao máximo pelos comunistas.



Além disso, a campanha eleitoral deste ano está sofrendo os efeitos da nova legislação em vigor – a chamada Lei Bornhausen. Ao contrário do que se afirma, essa legislação ampliou a influência do poder econômico, agora mais enrustido e hipócrita, e da mídia hegemônica; no outro extremo,  reduziu os espaços democráticos para o debate político junto à sociedade. Tanto que a campanha, no geral, ainda está fria e terá curtíssima duração. Já se observa a frenética movimentação para eleger candidatos com base em poderosas máquinas – públicas e privadas. A ausência de visual será compensada pelo voto de cabresto em “currais eleitorais distritalizados”. Os candidatos mais endinheirados já preparam a sua infantaria, com cabos eleitorais pagos, para a fase decisiva.



Os comunistas enfrentam esta batalha com objetivos nítidos e ousados. Além da reeleição de Lula e da conquista de governos estaduais, o partido lutará para eleger ao menos dois senadores e até 20 deputados federais. A conquista destes objetivos é que permitirá derrotar a draconiana cláusula de barreira e garantir os espaços institucionais do partido. O PCdoB goza hoje de prestígio e influência política na sociedade. O desafio é que estes avanços se reflitam também no terreno eleitoral, decisivo para o fortalecimento da ação dos comunistas. 



O diferencial que pode garantir a vitória do nosso projeto político está na abnegada e combativa militância do PCdoB. Este é o nosso maior patrimônio, é o nosso maior trunfo. São milhares de camaradas inseridos nas lutas do povo, identificados com os seus anseios, à frente de centenas de entidades sindicais, juvenis, comunitárias e outras. O PCdoB é um dos poucos partidos no Brasil que pode se orgulhar desta militância consciente e organizada.  Tem um projeto político nítido e não foi afetada por qualquer denúncia de uso ilícito de dinheiro. Está de cabeça erguida e de moral elevada!



Restam apenas 45 dias concentrados de campanha. Todos os movimentos  ganham urgência e exigem maior capacidade de realização. Os dirigentes partidários devem se organizar para se dedicar de forma imediata e integral às campanhas. Mas o desafio principal, que não pode ser subestimado pelas direções partidárias, é o de colocar em movimento esta força militante, à cabeça de um extenso contingente de pessoas organizadas para intensivo movimento em busca do voto nos redutos eleitorais, principalmente nas capitais. Este é o movimento decisivo, sobretudo em setembro, quando os eleitores começarem a optar pelos candidatos a deputado. Ele está ligado também a orientar o voto dos eleitores, fixar o número dos candidatos com materiais didáticos e práticos para o eleitor.



É preciso organizar o coletivo, intensificando o debate político para reforçar a militância dos que já estão na ativa e para atrair os que ainda estão dispersos e desmotivados; definir com precisão as áreas prioritárias, de maior concentração de energias; e preparar desde já a trabalhosa logística para a reta decisiva da campanha em setembro. A militância é, assim, o maior patrimônio do PCdoB e será decisiva nesta batalha.



* Presidente do PCdoB