Ditador Alfredo Stroessner morre em Brasília

O ex-presidente da mais recente ditadura paraguaia, Alfredo Stroessner, de 93 anos, faleceu hoje (16/8) no hospital Santa Luzia, em Brasília, onde estava internado após uma operação de hérnia, informou à mídia a porta-voz do hospital.

''Stroessner acaba de falecer'', disse a porta-voz Vera Morgado, que antecipou em poucos minutos o comunicado oficial do hospital. O ex-ditador paraguaio (1954-89), que vivia em Brasília desde 1989 como ''exilado político'' estava internado na unidade de terapia intensiva do hospital desde 29 de julho passado.


 


O estado de saúde de Stroessner se complicou devido a uma pneumonia e o paciente chegou a pesar 45 quilos, segundo explicaram os médicos que romperam o silêncio na terça-feira à noite, após as pressões da imprensa.


 


Terça-feira à noite o diretor da UTI do hospital, Marcelo Maia, informou que Stroessner estava respirando com ajuda mecânica e se encontrava sedado desde 29 de julho.


 


Crimes contra a humanidade


 


Nos últimos dias, diante do agravamento do estado de saúde do ex-ditador, um líder do movimento dos Direitos Humanos no Paraguai se manifestou contrário ao fato de que Stroessner recebesse funerais com honra de chefe de estado.


 


O advogado Martín Almada, defensor dos direitos humanos e vítima da ditadura de Alfredo Stroessner, declarou ontem não concordar em render honras de chefe de estado ao ex-ditador em caso de morte. A posição de Almada é a mesma assumida pelo governo paraguaio.


 


Em Washington, a chanceler paraguaia Leila Rachid afirmou à rádio Primeiro de Março que ''o senhor Stroessner não morrerá em exercício, não é um chefe de estado e está perseguido pela justiça''.


 


Sem homenagens


 


Rachid afirmou ter recebido indicações do presidente Nicanor Duarte Frutos de não programar homenagens ao ex-ditador, que foi derrubado em 1989, após 34 anos de ditadura e desde então está exilado no Brasil.


 


Almada considera óbvio que a família do ex-ditador queira repatriar seu corpo em caso de morte, mas ''isso não corresponde em absoluto que se renda honras militares como chefe de Estado'', afirmou.


 


O advogado lembrou que Stroessner é um dos processados por crimes contra a humanidade durante a operação Condor, na Argentina, Chile, Espanha, França, Itália e Paraguai, e também é responsável pelo desaparecimento de ao menos 120 paraguaios durante o período ditatorial.