Alckmin na TV trata de abrasileirar-se

Conforme o previsto e anunciado, nenhum dos candidatos presidenciais trouxe maiores novidades nesta terça-feira (15), sua primeira apresentação em rede nacional de TV. O estilo “paz e amor” fez escola, e os artefatos de extermínio eleitoral, que

Os marqueteitos da coligação PSDB-PFL optaram por assumir a condição de Alckmin como um político de expressão local, paulista. O programa teve início com vistas aéreas da metrópóle paulistana e um áudio de enaltecimento de São Paulo.


 


Logo em seguida, surge o truque, que o bloco conservador espera usar como abridor de latas capaz de introduzir o ex-governador paulista como um candidato competitivo em escala nacional. Quem aparece são “brasileiros de São Paulo”, mas vindos de outros pontos do país, com predominância de nordestinos, dão os seus testemunhos pró-Alckmin, enfatizando a eficiência gerencial do administrador. O locutor, em off, sentencia que “eles aprenderam a conhecer Geraldo Alckmin”.


 


Mais adiante, nova dose. “Eu sou do Paraná e gosto do Geraldo Alckmin”. “Eu sou mineiro, uai”. “Eu sou paraibana”. Todos gostam do Geraldo Alckmin — que terminou não virando simplesmente Geraldo, como defendiam alguns publicitários desejosos de criar uma imagem mais coloquial. E o locutor assevera que ele será “um governante do tamanho do país”.


 


Pano. Cena dois: Geraldo Alckmin, sentado à mesa, de gravata mas sem paletó. Gravado em cromaki, ele sofre um pouco com a imagem de fundo, uma cena de interior, desfocada, que se desloca lentamente para a esquerda, dando a sensação de que é o candidato que escorrega para a direita.


 


Mas é só uma impressão. Alckmin está onde sempre esteve, e diz o que sempre se esperou que diria. Novidade zero.


 


A corrupção entra no programa pela boca do próprio candidato, numa referência de passagem, a “tanta denúncia de corrupção” e “mensalão”. Segue-se a também esperada “vacina” (como se diz no jargão publicitário para um movimento que se antecipa na defesa de um ponto fraco): “O Bolsa-Família tem que ser mantido e melhorado”.


Do restante do discurso, pouco fica. Talvez apenas a intenção de cortar os impostos, única frase selecionada para Alckmin falar, durante o clipping que conta a história do candidato.  Como plataforma, possivelmente impressionou menos o eleitor que a “obcessão do crescimento”, proclamada por José Maria Eymael (PSC), ou a disposição de Cristovam Buarque (PDT), de ser o “presidente da educação”, depois de Getúlio, “presidente do Trabalho”, e Juscelino, “presidente do desenvolvimento”.


 


Para quem afirmava que a campanha iria começar hoje, com o horário eleitoral na TV, Alckmin não teve um início bombástico. O tempo maior do programa tucano-pefelista — 10min22s — faz diferença porém não garante por si a decolagem da candidatura. Enquanto Lula, com 7min21s, usou também sua “vacina” — uma ampla reforma política para combater a corrupção — e fez um programa recheado de prestações de contas e números positivos.