Wagner Gomes: Que Parceria Público-Privada é essa de Alckmin?

Que parceria é essa a chamada PPP da Linha 4 do Metrô? Na verdade não é parceria, é favorecimento, é benefício do parceiro privado com prejuízo do parceiro público, do patrimônio do povo.
Por Wagner Gomes

Não é parceria quando um parceiro, o governo, emprega US$ 1 bilhão num projeto, como o da Linha 4–Amarela, ou 73%, e o outro parceiro, o privado, emprega apenas US$ 360 milhões, ou 27%, mas fica com todo o lucro, toda a receita da venda de bilhetes das passagens a R$ 2,08 (preço de fevereiro de 2005).



Este valor multiplicado por um milhão de passageiros, só em um dia, representa mais de R$ 2 milhões. Multiplicado por 30 dias rende R$ 60 milhões, e em um ano R$ 720 milhões. Toda essa fábula de dinheiro ainda tem que ser multiplicada por 30, pois a parceria terá a duração de 30 anos. Isso portanto, é o equivalente a R$ 20 bilhões, mais ou menos.



O governo alega que não tem dinheiro, mas constrói todas as estações, desapropria terrenos, edifica construções, coloca trilhos e dormentes, gasta um bilhão de dólares e dá ainda ao parceiro privado até R$ 120 milhões.



Esse parceiro, além de toda a receita da venda de passagens, lucra com a publicidade e a locação das lojas no Metrô, por 30 anos. E o governo, que deveria representar a sociedade, o povo, quanto recebe nos 30 anos da parceria? O governo, o povo, não recebe um centavo. Todo o dinheiro vai para o sócio privado.



É um verdadeiro escândalo, um prejuízo enorme ao patrimônio e ao bolso da população.



Um construtor, um comerciante ou um industrial que necessitasse de um aporte de 27% ao capital de 73% que já investira e que convidasse um parceiro para complementar o investimento certamente não daria a esse parceiro toda a receita, todo o lucro da construção, do comércio ou da produção industrial, pois isso seria uma loucura e ninguém a cometeria. Mas em nosso caso, este ato de loucura é praticado na PPP da Linha 4 do Metrô, iniciada pelo governo Alckmin!