Intelectuais exigem fim da agressão contra o Líbano

Em carta publicada no jornal britânico The Guardian, de 3 de agosto, intelectuais de todo o mundo exigiram que Israel cesse imediatamente a agressão contra o Líbano iniciada em 12 de julho e denunciaram os crimes de guerra cometidos contra a populaçao

“Crimes de guerra e o Líbano


O ataque israelense, patrocinado pelos Estados Unidos, ao Líbano deixou o país paralisado, enfumaçado e furioso. O massacre de Cana e as perdas humanas não são meramente “desproporcionais”. Elas são, de acordo com as leis internacionais, crimes de guerra.


 


A deliberada e sistemática destruição da infra-estrutura econômica do Líbano, pela força aérea de Israel é também um crime de guerra, destinado a impor ao país a condição de protetorado americano-israelense.


 


Os tiros, no entanto, têm saído pela culatra. No Líbano, 87% da população agora apóia a resistência do Hezbolá, incluindo 80% das comunidades cristã e drusa, 89% dos muçulmanos sunitas (o Hezbolá é de inspiração xiita), enquanto apenas 8% acreditam que os Estados Unidos apóiem seu país.


 


Essas ações criminosas não serão julgadas por nenhuma corte da chamada “comunidade internacional” porque os EUA e seus aliados, cúmplices desses crimes, não vão permitir.


 


A invasão do Líbano para varrer o Hezbolá, agora fica claro, vem sendo preparada há muito tempo. Os crimes de Israel têm recebido sinal verde dos EUA e de seu fiel aliado britânico, apesar da oposição a Blair em seu próprio país.


 


Em suma, a paz que o Líbano desfrutou chegou ao fim e um país paralisado se vê obrigado a reviver um passado que se esforçava para esquecer. O terror de estado inflingido por Israel no Líbano está se repetindo na Faixa de Gaza, enquanto a mesma “comunidade internacional” pára para assistir em silêncio. Enquanto isso, o resto da Palestina é anexado e desmantelado com a participação direta dos Estados Unidos e a aprovação tácita de seus aliados.


 


Nós oferecemos nossa solidariedade e apoio às vítimas dessa brutalidade e a todos os que resistam contra ela. De nossa parte, vamos usar todos os meios a nosso dispor para denunciar a cumplicidade de nossos governos com esses crimes.


 


Não haverá paz no Oriente Médio enquanto continuarem as ocupações da Palestina, do Iraque, bem como os ataques e bombardeios ao Líbano.


 


Londres, 3 de agosto de 2006″


 


Assinam:


 


Tariq Ali
(Escritor britânico de origem paquistanesa)


 


Noam Chomsky
(Lingüista americano e militante anti-imperialista)


 


Eduardo Galeano
(Escritor e jornalista uruguaio)


Howard Zinn
(Historiador americano, destaque da intelectualidade de esquerda de seu país)


 


Ken Loach
(Diretor de cinema escocês, criador de “Terra e Liberdade”)


 


John Berger
(Historiador, crítico de arte e romancista britânico)


 


Arundhati Roy
(Escritora indiana radicada no Reino Unido)