Annan visita o Haiti e pede prolongamento da ação da Minustah

O secretário-geral da Organizações das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, pediu nesta quinta-feira (3/8), em Porto Príncipe, que o Conselho de Segurança da entidade prolongue o mandato da Minustah (sigla em francês para Missão das Nações Unidas para Estabil

Em sua primeira visita oficial ao Haiti, Annan recomendou que a presença da missão da ONU no país caribenho estenda-se por um ano.



Durante a conferência conjunta realizada com o presidente haitiano, René Préval, Annan afirmou que “a construção da paz é uma proposta de longo prazo”. Além disso, ele anunciou que pediu ao Conselho de Segurança o aumento da presença das forças da ONU no Haiti por 12 meses.



“Normalmente, deveria ser para seis meses”, disse Annan, que declarou que, por causa da situação de insegurança no país, a recuperação do Haiti tem que ser realizada através de um grande esforço conjunto.



Reforço na segurança



Segundo Annan, o prolongamento da presença da Minustah permitirá o reforço e a profissionalização da polícia haitiana para poder combater os crimes no país. Ele afirmou que os problemas do Haiti são grandes e cumprimentou os passos dados até o estabelecimento do governo do presidente Préval em maio.



O secretário-geral da ONU observou uma melhora da situação de segurança no país em comparação ao que havia antes das eleições há seis meses, mas afirmou que restam muitas coisas a serem feitas”.



Críticas



Sobre as “críticas” recebidas pelos haitianos em razão do trabalho da Minustah, Annan recomendou que a culpa não seja jogada apenas na missão da ONU, pois “todos devem juntar suas forças para trabalharem juntos”.



Já o presidente Préval destacou “o papel capital” que a força da ONU está exercendo no país. Ele agradeceu o trabalho realizado pelo anterior chefe da Minustah, o chileno Juan Gabriel Valdés, e avaliou positivamente a presença do atual líder dos capacetes azuis, o diplomata guatemalteco Edmond Mulet.



No entanto, Préval disse que ainda existem “muitas dificuldades”, e destacou a insegurança, os grupos armados, o aumento dos preços do petróleo, o desemprego, a fome, as doenças e a reconstrução do Estado como problemas prioritários do país. “Esses desafios trazem muito sofrimento, mas as soluções não são fáceis”, declarou.



Após meses de relativa calma depois das eleições realizadas em fevereiro, que deram a Presidência a Préval, a violência aumentou nos últimos dias em bairros de Porto Príncipe, onde grupos armados tentam alcançar o controle.


 


Annan condenou a onda de assassinatos e seqüestros registrada durante as últimas semanas no Haiti. “Os que cometem esses crimes no Haiti não deveriam se sentir capazes de dizer que são haitianos”, declarou, ao destacar os vários problemas sociais e econômicos que arrasam o país caribenho.
 


Ele recordou em várias ocasiões que a Minustah não quer substituir as estruturas haitianas, mas pretende trabalhar com elas. “Não estamos aqui para substituir ninguém”, afirmou.



A força da ONU, estabelecida no Haiti desde a precipitada saída do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide em fevereiro de 2004, tenta estabelecer alguma ordem no meio do caos que impera no país, um dos mais pobres do mundo.



Após a visita a Porto Príncipe, o secretário-geral da ONU partirá ainda nesta sexta-feira para a República Dominicana, onde se reunirá com o presidente Leonel Fernández.