Congo tem eleição histórica após guerras e ditaduras

Milhões de congoleses votaram em sua primeira eleição em quatro décadas neste domingo (30/7), com a esperança de pôr fim a anos de guerras, corrupção e caos. “É um grande evento. Tenho 44 anos, e esta é a primeira vez que voto”, disse Zawadi Unega, enquan

Protegida pela maior força de paz do mundo, a votação na República Democrática do Congo (ex-Zaire) foi a mais complexa e mais cara já organizada pelas Nações Unidas, ao custo de 460 milhões de dólares. Da extensa capital Kinshasa até as selvas da bacia do rio Congo, os eleitores enfrentaram ameaças de violência de rebeldes, empecilhos burocráticos e chuvas para depositarem seus votos nas urnas.


 


Com exceção de incidentes na província centro-sul de Kasai do Leste, onde um posto de votação foi queimado e eleitores foram ameaçados, o pleito foi em geral pacífico, organizado e entusiástico, segundo testemunhas, funcionários e a ONU. O comparecimento foi grande no leste do país, onde o presidente Joseph Kabila esperava forte apoio para manter seu posto de chefe de Estado.


 


Kabila assumiu quando seu pai, Laurent, foi assassinado, em 2001. É o candidato favorito para ganhar as eleições. Concorrendo com ele estão outros 31 candidatos, incluindo diversos ex-líderes rebeldes, que lutaram na guerra de 1998 a 2003 que devastou a antiga colônia belga, já fragilizada por 32 anos de conflitos da ditadura de Mobutu Sese Seko.


 


Esquema especial
A polícia congolesa e soldados da ONU vigiavam escolas, igrejas e tendas que foram transformados em 50 mil postos eleitorais para mais de 25,6 milhões de votantes. As eleições são resultado de processo de negociação de três anos, após a última guerra no Congo que matou quatro milhões de pessoas, a maioria de fome e doenças. Mais de 1.200 observadores internacionais acompanhavam a votação.


 


Também serão eleitos 500 deputados da Câmara Baixa do Parlamento, entre mais de nove mil candidatos. Estas serão as primeiras eleições multilaterais no Congo em mais de 40 anos. A Comissão Eleitoral Independente (CEI) afirmou que divulgará os resultados provisórios do pleito presidencial em um só anúncio e espera ter concluído a recopilação provisória de votos em três semanas.


 


O país teve a sua guerra civil suspensa há três anos depois da assinatura de um acordo de paz envolvendo diferentes facções e o governo. Várias das facções que participavam do confronto têm candidatos nas eleições.