“Poodle” de Bush, Tony Blair perde mais apoios em seu partido

É cada vez maior a revolta entre os trabalhistas e dentro do governo britânico com o apoio do primeiro-ministro Tony Blair à posição dos Estados Unidos a respeito do Líbano. Acusado mesmo entre seus partidários de ser o “poodle” de George W. Bush, o premi

Vários jornais britânicos destacam neste sábado (29/7) o crescente mal-estar dentro do Partido Trabalhista e do próprio governo com a reunião de sexta-feira, em Washington, entre Blair e Bush, na qual o primeiro apoiou a recusa americana de pedir um cessar-fogo imediato entre o Exército israelense e o movimento xiita libanês Hezbollah.


 


Desde o início da ofensiva israelense no Líbano, dia 12 de julho, os chargistas britânicos voltaram à carga contra “Blair o poodle”, apelido que persegue o premier desde sua aliança com os Estados Unidos na guerra do Iraque. “Nas fileiras trabalhistas, existe o sentimento de que Blair está muito alinhado com a posição agressiva dos Estados Unidos e Israel. Até mesmo seus aliados mais próximos no governo não escondem, de maneira privada, que ele acelera o momento de sua saída de Downing Street”, afirma o conservador The Times.


 


“Continuará aumentando a pressão para que anuncie um calendário para sua saída”, prevê o Financial Times. “Chegamos a um ponto em que tudo pode vir abaixo”, acrescentou o jornal econômico, que cita como fonte um membro do governo britânico sob anonimato. Blair se comprometeu a abandonar o cargo antes das próximas eleições, em 2010, mas sem fixar uma data concreta e dando a entender o desejo de participar na próxima reunião do G8 (sete países mais ricos do mundo e a Rússia), em meados de 2007.


 


Sucessão
O ministro da Economia, Gordon Brown, amigo mas também adversário político de Blair, parece ser o sucessor natural na liderança trabalhista para as próximas eleições gerais. “Tudo isto é terrivelmente destrutivo para Tony”, confessou ao The Times um deputado trabalhista favorável a Blair que pediu anonimato.


 


“As críticas são cada vez mais evidentes dentro da bancada parlamentar trabalhista, que considera que a posição britânica reflete um sentimento de indiferença em relação ao sofrimento do povo libanês”, destaca o The Guardian. O jornal de esquerda lembra que há dois meses, na conferência anual do Partido Trabalhista, em Manchester, os homens de Blair já haviam criticado a tradicional relação “privilegiada” entre Londres e Washington, excessivamente dominada pelos americanos.


 


De acordo com uma pesquisa publicada na terça-feira passada, para 63% dos entrevistados a Grã-Bretanha está muito próxima de Washington. Entre os simpatizantes dos trabalhistas, 54% consideram que Blair analisa da maneira errada a relação. Outra pesquisa mostrou que os conservadores, maior partido da oposição, teriam 39% dos votos – o percentual mais alto nos últimos 13 anos – e os trabalhistas 35% no caso de uma eleição neste momento.