Obrador lança campanha de resistência civil no México

O candidato progressista à Presidência do México comandou um protesto de milhares de pessoas pelas ruas da capital do país no domingo com o objetivo de pressionar um tribunal a ordenar a recontagem dos votos.

O Instituto Federal Eleitoral (IFE) divulgou, no último dia 6, o primeiro lugar na apuração ao candidato conservador Felipe Calderón, do Partido Ação Nacional (PAN), que superou López Obrador por 243.934 votos (uma diferença de apenas 0,58 ponto percentual). 'Você não está sozinho', cantava a multidão para Andrés Manuel Lopez Obrador, que marchou com os manifestantes na principal avenida da Cidade do México rumo à praça Zocalo. Muitos vestiam amarelo, a cor do Partido da Revolução Democrática (PRD). Um tribunal está avaliando as queixas de Lopez Obrador, ex-prefeito da Cidade do México, que afirma que o pleito de 2 de julho foi fraudado por autoridades eleitorais e do governo para favorecer Calderón.


 


Calderón, que estava atrás nas pesquisas de opinião durante a campanha, diz que venceu as eleições com uma vantagem de menos de um ponto percentual. A corte deve se pronunciar até o começo de setembro sobre a legalidade da eleição.'Estou triste, irritado e impotente porque a vontade do povo não foi respeitada', disse um dos manifestantes, Salvador Torres. O Zocalo, que já foi o centro da civilização asteca e agora abriga o Palácio Nacional e uma catedral colonial espanhola, tornou-se agora o epicentro dos protestos pró-Lopez Obrador. 'Vamos nos mudar para cá e viver aqui se for necessário', disse o militante Juan Carlos Escandon, enquanto circulava um abaixo-assinado a favor do candidato progressista. 'A Constituição mexicana diz que a soberania é do povo, não dos tribunais, e nós somos o povo', afirmou.


Governo espanhol


 


Em entrevista publicada no domingo pelo jornal espanhol El País, López Obrador assegura que o PRD tem vídeos de vários distritos eleitorais nos quais se pode observar que 'estão abrindo pacotes de votos sem a presença dos interventores do PRD'. O candidato progressista assegurou que na apuração dos votos houve uma 'fraude monumental', já que as urnas foram abertas e ocorreu falsificação de atas. Na sua opinião, ficou claro, no processo eleitoral, que 'as instituições no México não estão nas mãos de pessoas com decoro' e que o país vive 'em uma democracia fictícia e que o poder econômico tem um papel fundamental, tem muita influência'.


 


O candidato também lamentou o fato de o governo espanhol ter felicitado Calderón sem ter iniciado o processo de revisão dos votos por parte do Tribunal Eleitoral. 'Foi um erro da diplomacia espanhola. Eles se precipitaram. Não se pode conduzir a política com eufemismos. Em política não há muita diferença entre reconhecimento e felicitação. A Chancelaria mexicana e as embaixadas no exterior fizeram pressão de maneira ilegal sobre os governos', disse López Obrador. O candidato do PRD se refere a Calderón como 'um boneco de pano, um títere de um grupo muito poderoso no México e que quer continuar devorando o país'. 'Digo isso com todo o respeito, não é um assunto pessoal. Politicamente falando, Calderón não tem autoridade moral', afirmou.


 


Com agências