TSE impede PSDB-PFL de calar novamente entidades sindicais

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou pedido feito bloco conservador do PSDB-PFL, do neoliberal Geraldo Alckmin, de tentar calar à força — e mais uma vez — a Central Única dos Trabalhadores em São Paulo (CUT-SP).

Na representação, o PSDB e o PFL afirmaram, descabidamente, que a CUT-SP estaria fazendo propaganda antecipada ao candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva e também propaganda negativa ao candidato da coligação, Alckimin. Os termos usados pelos partidos beiram a insanidade. Para o bloco alckmista, a “Revista do Brasil” é uma verdadeira “panfletagem eleitoral”.

A representação se queixava de títulos — como "O segredo de Lula", "Diga-me para quem governas", "Política / Pavor de Investigação" — e também da afirmação de que o governo Lula não desmantelou programas sociais e não privatizou direitos sociais e culturais. Segundo os asseclas de Alckmin, a publicação foi lançada antes de 6 de julho, quando começou a campanha eleitoral. Pediam que o TSE proibisse sua circulação, inclusive pela internet. E também queriam multar a CUT paulista em 50 mil Ufir (cerca de R$ 50 mil).

No caso do Sindicato dos Químicos, o incômodo dos alckmistas é com o tablóide Sindicluta Unificado, de 20 de junho, também qualificado de “panfletagem eleitoral” pró-Lula. O bloco reclama que o texto trata "de forma desrespeitosa" o candidato Geraldo Alckmin. E insurge-se contra a veiculação de uma pesquisa eleitoral feita entre os trabalhadores da base da entidade.

Mas a tentativa de cercear os trabalhadores foi em vão. De acordo com informações do TSE, o ministro Marcelo Ribeiro, que analisou o pedido, disse, nesta terça-feira (11/07), que edição da revista é do mês de maio. Por isso, seria “ineficaz” a concessão da liminar para proibir sua distribuição. O ministro disse ainda que não localizou a matéria na página da CUT na Internet, o que o levou a concluir que a entidade já teria retirado o material do ar.

Os antecedentes da censura
Em 17 de abril, os tucanos conseguiram liminar proibindo a circulação do jornal da CUT/SP. Foi a primeira tentativa bem-sucedida de intimidar os movimentos sociais. A solicitação do PSDB e a decisão do ministro Marcelo Ribeiro, do TSE, de conceder a liminar configuram um retrocesso às conquistas democráticas. Os tucanos partem da premissa de que o jornal faz “clara propaganda eleitoral antecipada negativa” e argumentam que se trata de “uso ilegal de recursos do trabalhador, por um braço do PT com fins eleitoreiros”, conforme declarou o deputado estadual Sidney Beraldo (PSDB) à Folha Online.

Omitiram que a CUT — ao representar cerca de duas mil entidades em mais de mil municípios brasileiros — é a maior e mais autônoma central sindical do Brasil. Como legítima representante dos trabalhadores, é seu papel denunciar os desmandos de qualquer governo.A chamada de capa do jornal revela o legado macabro da gestão tucana: “Sai Alckmin, fica a violência, a miséria, o desemprego, as filas nos hospitais, a superlotação nas salas de aula e 65 CPIs engavetadas”. A riqueza da investigação, a argúcia nas denúncias e o alcance legítimo da reportagem incomodaram o presidenciável tucano e seus correligionários, que questionaram também a grande quantidade de exemplares impressos, qualificando a iniciativa como de "caráter eleitoreiro".

Os sindicalistas, na época, reafirmaram que é natural que, pela dimensão e pelo esforço empreendido no dossiê, a publicação mereça tiragem maior. Além disso, a longa lista de irregularidades praticadas pelo PSDB não é um material jornalístico datado, com prazo de validade. Trata-se de uma peça histórica, baseada em fatos consumados.Diante de tais circunstâncias, a CUT-SP ampliou a tiragem de seu jornal para 1,5 milhão de exemplares — a tiragem normal é de 30 mil.