Russos acusados de terrorismo afirmam que foram torturados

Cinco adolescentes de crença muçulmana se apresentaram nesta segunda-feira em uma corte russa na região central do Tatarstão (antiga Tartária), onde se realiza seu julgamento por "conspiração terrorista&

Os jovens e mais 19 adultos membros do suposto grupo podem ser condenados a 10 anos de prisão se forem considerados culpados, mas todos se declararam inocentes. Os parentes dos acusados e seus advogados dizem que o caso foi "inventado".

"Eles estão transformando meus filhos, muçulmanos pacíficos que estudam coreano, em extremistas e militantes", protestou o bombeiro Elgiz Shaydullin, pai de dois dos acusados que já estão detidos há 18 meses.

O Serviço Federal de Segurança alega ter descoberto grupo "extremista" chamado Jamaat Islâmico. O juiz Ilfir Sakhilov, responsável pelo caso, disse que os membros foram treinados em "campos extremistas", conseguiram armas e "planejavam explodir" empresas e desestabilizar a região do Tatarstão, em um ataque planejado para as vésperas da comemoração milenar na capital da república, Kazan, que aconteceu em agosto de 2005.

A advogada de defesa Aida Kapchurina disse segunda-feira que desde o começo do julgamento, na semana passada, "nenhuma evidência foi apresentada além de confissões absurdas que foram conseguidas com o uso de força". "Por que os serviços especiais iriam procurar por terroristas nas montanhas e nas florestas quando é mais fácil eles os procurarem nas mesquitas e apartamentos?", ironizou a advogada.

O acusado Ilmir Shaydullin ficou amarrado nas barras de sua cela por nove dias por ter se recusado a apontar evidências que incriminariam seu irmão, Rustam, afirmou o pai do irmãos.

O suposto líder do grupo, Ilgam Gumerov, foi encaminhado algemada para a corte. Ele disse que reconhecia apenas um dos cinco adolescentes que estavam sob julgamento. Gumerov diz que o jovem participava das leituras do Corão em seu apartamento, na cidade de Aznakayevo. O acusado também disse que o seu primeiro testemunho foi todo feito sob torturas.

"Esse caso foi fabricado. Eu fui amarrado em minha cela por dois dias, eles não me deram água e nem me deixaram dormir, e exigem que eu assine confissões", denunciou