Metalúrgico morre prensado por gaiola na Tower

O metalúrgico Adair Ferreira de Araújo, 30 anos, que trabalhava como abastecedor de linha na Tower Automotive, morreu na noite da última quinta-feira (29) ao ter o corpo prensado por uma gaiola carregada com peças. No dia seguinte, ao ser informado

Espaço insuficiente para o armazenamento de peças pode ter sido a causa do acidente; Sindicato já pediu fiscalização à DRT.

O metalúrgico Adair Ferreira de Araújo, 30 anos, que trabalhava como abastecedor de linha na Tower Automotive, morreu na noite da última quinta-feira (29) ao ter o corpo prensado por uma gaiola carregada com peças. No dia seguinte, ao ser informado do acidente, o Sindicato solicitou à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) uma fiscalização em caráter de urgência na fábrica. O Ministério Público do Trabalho (MPT) também foi acionado.

No mesmo dia, o diretor do Sindicato André Azevedo, metalúrgico na Tower, participou, com a técnica de segurança da entidade, Lenize Dias, de uma reunião extraordinária da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), que contou ainda com a presença de um técnico de segurança e de uma psicóloga da empresa, além de um engenheiro de segurança que trabalha na unidade instalada em Arujá (SP).

Na reunião, os representantes do Sindicato chegaram a solicitar uma visita ao local do acidente, na tentativa de obter maiores esclarecimentos, mas o pedido não foi atendido, sob a alegação de que, naquele dia, todos na fábrica estavam “muito chocados com o ocorrido”.
 
Empilhadeirista cumpriu ordem
 
É bastante provável, entretanto, que o acidente tenha ocorrido em razão da limitação de espaço no setor para o armazenamento de peças. Segundo um dos participantes da reunião, de maio para cá, a Fiat aumentou seus pedidos e, com isso, o espaço destinado à estocagem se tornou insuficiente. “O próprio engenheiro de segurança admitiu isso”, diz o diretor do Sindicato.
Por conta disso, naquela noite, um empilhadeirista contratado da terceirizada “Vetor” teria recebido uma ordem para diminuir o espaço entre as gaiolas dispostas ao longo do galpão, para permitir que mais peças fossem armazenadas. Ao cumprir o que lhe havia sido determinado, ele não notou a presença de Araújo, que se encontrava entre duas gaiolas, e morreu ao ser prensado. Ainda segundo o diretor do Sindicato, durante o dia, não é necessário que o abastecedor de linha vá ao local para conferir pessoalmente a quantidade de peças em estoque.
“No computador, o abastecedor já faz a verificação. Ocorre que, à noite, este registro não é feito pelo sistema, o que obriga o abastecedor a verificar pessoalmente o estoque”, explica André, que, há cerca de seis anos, trabalhou na mesma função na fábrica. Na sexta-feira, ele compareceu ao sepultamento de Araújo para se solidarizar com os familiares do trabalhador.
 
Após tragédia, empresa anuncia providências

Na reunião extraordinária da CIPA, que terá prosseguimento esta semana, a empresa anunciou uma série de providências de emergência para evitar que a tragédia se repita. A primeira delas é que não será mais permitida a permanência de funcionários entre as caçambas. A segunda é que, de agora em diante, se for necessário verificar o estoque pessoalmente, o local será sinalizado e a conferência será feita por mais de uma pessoa.
A terceira delas é que as gaiolas serão dispostas de forma que a conferência seja feita no corredor e não entre elas. Por último, os operadores de empilhadeira serão orientados a não empurrar as gaiolas, como ocorreu na noite de sexta-feira.
Embora reconheça a importância destas providências, o diretor do Sindicato critica a demora da empresa em adotá-las. “É um pena que a empresa só tenha despertado para a necessidade de adotar estas medidas somente após esta tragédia”.