Fidel: “É preciso que o partido se fortaleça como nunca”

Do diário  cubano
Granma de ontem (4)*


Presidida pelo primeiro-secretário do nosso Partido (Comunista de Cuba), companheiro Fidel Castro Ruz, o 5º Plenário do Comitê Central se reuniu em 1&ordm

Em várias intervenções no decorrer do plenário e ao fazer as conclusões, Fidel confirmou que a Revolução está determinada a encarar os sérios desafios da situação complexa em que o mundo e vive e nossas próprias deficiências.


“Todo mundo é obrigado a pensar”


Salientou que é preciso que o Partido se consolide como nunca antes, porque ganhou experiência como nunca antes, em virtude do papel decisivo que lhe cabe nesta batalha. “O Secretariado foi reestabelecido”, assinalou, “no momento que é mais necessário. É composto por um número considerável de dirigentes com um ótimo desempenho em outras províncias e que ganhou experiência valiosa. Eles podem ajudar muito o Partido”.


Explicou a influência negativa dos Estados Unidos na economia internacional, devida, entre outras razões, à emissão excessiva de dólares para pagar produtos e serviços acima de seu poder aquisitivo real, “papéis que a gente já não quer guardar”. Em face do desolador panorama econômico e social, fundamentalmente dos países pobres, “o mundo está convertendo-se numa espécie de vulcão que, em qualquer momento, pode haver uma erupção”, completou.


“É muito importante”, disse, “todos termos uma idéia bem clara a respeito destes sérios problemas, dos preços dos produtos que o país adquire e dos produtos que exporta. Advertiu que o antigo hábito de pedir sem prever as conseqüências deve-se eliminar e que ninguém deve cingir seus conhecimentos e visão dos problemas ao estreito âmbito em que se desenvolve. Todo mundo é obrigado a pensar, a não descuidar um só segundo, quando se torna cada vez mais imperdoável qualquer desleixo.


Batalha contra o crime em Cuba


Exortou a travarmos energicamente, com as idéias de todos, a batalha contra o criminalidade, que, sem dúvida, ganharemos. Pôs como exemplo o trabalho satisfatório dos pares do Partido, durante dois meses, nos locais de trabalho, que passou a fazer parte permanente do trabalho partidário. Destacou o papel importante da crítica, de recorrer à dignidade das pessoas, no combate ao delito, inclusive com a utilização da imprensa, sobretudo a de caráter local.


Afirmou que, embora tenhamos praticamente atingido a invulnerabilidade militar, ainda não existe a mesma situação no decisivo setor da economia, onde precisamos de mais tempo. Neste sentido, deu uma explicação mais pormenorizada das inúmeras e importantes tarefas que hoje o país realiza no setor econômico e o papel decisivo da poupança como fonte de recursos, nomedamente de energia elétrica e combustíveis.


“Fazemos coisas que ninguém faz”


Referiu-se aos sucessos da saúde e da educação, sem ignorar as deficiências existentes nestes serviços vitais; aos esforços para garantir a alimentação do povo no momento em que sobem consideravelmente os preços dos alimentos no mercado mundial, mesmo para estarmos prontos para enfrentar situações mais complexas, como o alastramento da epidemia de gripe aviária.

“Aumenta prontamente o prestígio de Cuba”, assinalou, “pois o nosso país está fazendo coisas que ninguém faz”. Pôs vários exemplos, entre outros, a Operação Milagre e a cooperação maciça com outros países em áreas como a saúde e a educação, incluindo a formação em massa de médicos.

Fidel afirmou que isso nos torna mais fortes, pois é difícil para o império destruir um povo que está devolvendo a visão a milhões de latino-americanos. Resumiu que “hoje contamos com grandes forças em que nos apoiamos, e que são um complemento nesta batalha quase ganha”.

“No entanto, a tarefa não se torna mais fácil porque o inimigo tenha cedido terreno, ao contrário, os perigos são maiores, visto que uma fera ferida é bem mais perigosa. É necessário combater com todos os meios de que dispomos no âmbito político. Fortalecermo-nos cada vez mais dentro e fora, no âmbito político, econômico e militar, em meio a esta grande batalha, que, sem dúvida, nosso povo vencerá também”, manifestou o líder cubano.


Consolidar a invulnerabilidade militar


Outro ponto importante tratado no plenário foi o Relatório do Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (FARs) sobre a preparação do país para a defesa, apresentado pelo segundo secretário do Comitê Central e ministro das FARs [Forças Armadas Revolucionárias], general-de-exército Raúl Castro Ruz, e aprovado pelo 5º Plenário.


O documento resume os resultados atingidos desde a realização do Plenário Extraordinário do Comitê Central do Partido, que examinou este tema em junho de 2003, e as tarefas principais a acometer daqui para frente em tão importante front.

Destacaram importantes avanços no planejamento e organização da defesa nas várias instâncias, visando fazê-los corresponder, a partir do desenvolvimento de nossas concepções de defesa, com as formas atuais do inimigo de travar guerra e as possibilidades de seus meios de combate.

A preparação para a defesa ganhou em eficácia, tanto dos militares na ativa quanto dos dirigentes e funcionários civis e da população em geral, com o uso mais racional e eficiente do tempo que nosso povo dedica a esse dever tão sagrado. Além disso, são notáveis os resultados na preparação do teatro de operações, bem como no exame de cada área do território nacional, do ponto de vista da defesa, entre outras tarefas de grande envergadura e complexidade.

Constatou-se, ademais, os resultados valiosos atingidos na modernização e construção de meios de combate, aos quais foram adequados os avanços da ciência e da técnica, e fundamentalmente, empregá-los, segundo nossas concepções de defesa. Assinalou-se o esforço dos coletivos de um número considerável de empresas e de outras entidades, tanto militares quanto civis.


“O inimigo não é tolo”


A reunião plenária reconheceu o papel decisivo do Exercício Estratégico Bastião 2004 na consolidação da defesa, designadamente das decisões importantes tomadas pelo presidente cubano durante e depois do Exercício. Este não se cingiu a questões estritamente técnico-militares, mas abrangeu aspectos relacionados com o desenvolvimento econômico e social do país com grande impacto direto na defesa.

O plenário, em pé e aplaudindo, aprovou unanimemente as idéias colocadas pelo segundo secretário do Partido, em 14 de junho passado, por ocasião do 45º aniversário do Exército Ocidental, particularmente quando afirmou:

“Enfrentamos um inimigo cuja teimosia e prepotência o leva freqüentemente a cometer erros, mas isso não significa que seja tolo. Ele sabe que a confiança especial que o povo tem no líder fundador de uma revolução, não se transfere como se fosse uma herança àqueles que ocuparem futuramente os principais cargos de direção do país.


“Partido é o comandante-em-chefe”


“Repito o que afirmei em muitas ocasiões: o comandante-em-chefe da Revolução Cubana é um só e unicamente o Partido Comunista, como instituição que reúne a vanguarda revolucionária e garantia segura da unidade dos cubanos em todos os tempos, pode ser o digno herdeiro da confiança de seu povo em seu líder. Trabalhamos para isso e será assim.O resto é pura especulação, para não usar outra palavra.”

“Tal como vencemos em todas as batalhas, tanto em Cuba quanto no exterior, cumprindo o dever internacionalista, venceremos o inimigo que tente se infiltrar em nossas fileiras, consolidaremos cada vez mais a Revolução e seremos mais fortes em todas as frentes.”


Comitê Central elege 7 novos membros


Como um passo importante no processo de aperfeiçoamento constante do trabalho partidário, a reunião plenária aprovou a proposta apresentada pelo Birô Político de restaurar o Secretariado, como organismo de direção que ajudará no trabalho cotidiano do Partido e se encarregará de organizar e garantir a implementação e cumprimento de suas decisões.

Na proposta de membros do Secretariado apresentada, levou-se em consideração, além das qualidades, experiência e trajetória dos companheiros, a presença em seu seio tanto de líderes históricos quanto de outros surgidos ao longo destes 47 anos de Revolução, seus méritos de trabalho da base às esferas superiores de direção.

Além de Fidel e Raúl, primeiro e segundo secretários, acordou-se que o Secretariado será composto pelos seguintes companheiros:


José Ramón Machado Ventura
Esteban Lazo Hernández
Jorge Luis Sierra Cruz
Abelardo Álvarez Gil
María del Carmen Concepción González
Mercedes López Acea
Lina Pedraza Rodríguez
Víctor Gaute López
Roberto López Hernández
Fernando Remírez de Estenoz Barciela

A plenária concordou com a avaliação feita pelo Birô Político, na reunião de 26 de abril passado, sobre os progressos dos últimos meses no trabalho do Partido, graças às mudanças feitas no estilo e nos métodos de trabalho, sobretudo pondo maior ênfase na atenção direta aos locais de trabalho.

De acordo com os Estatutos do Partido, que permitem cooptar novos membros do Comitê Central, considerando seus meritos, qualidades pessoais e as importantes responsabilidades que desempenham, o Plenário decidiu o ingresso dos companheiros seguintes:
A primeira secretária do Comitê Provincial do Partido em Pinar del Río, Olga Lidia Tapia Iglesias.

O primeiro secretário do Comitê Provincial do Partido em Matanzas, Pedro Betancourt García.

O primeiro secretário do Comitê Provincial do Partido em Cienfuegos, Roberto Morales Ojeda

O ministro-presidente do Banco Central da República de Cuba, Francico Soberón Valdés.

O primeiro secretário do Comitê Provincial do Partido em Villa Clara, Omar Ruiz Martín.

O primeiro secretário do Comitê Provincial do Partido em Camaguey, julio García Rodríguez.

O primeiro secretário do Comitê Provincial do Partido em Guantânamo, Luis Torres Iríbar.

Além destes movimentos, o plenário examinou o caso do companheiro Marcos Portal León, criticado num dado momento por errros cometidos em seu desempenho como ministro da Indústria Pesada, fundamentalmente no que diz respeito à política de desenvolvimento da produção de níquel e à estratégia na geração de eletricidade, os quais foram reconhecidos sinceramente por ele.

Considerando que não foram erros de princípio, a reunião plenária acordou sua saída do Birô Político porém mantendo-se no Comitê Central. Da mesma maneira, recomendou ao Conselho de Estado que, conforme os procederes estabelecidos, seja eximido desse organismo estatal, respeitando sua condição de deputado da Assembléia Nacional do Poder Popular (Parlamento).

Estas palavras proferidas por Fidel resumem o espírito predominante no plenário: “Apesar de serem ótimas as pespectivas em todos os setores, não podemos descurar o mais mínimo detalhe. Este país tem méritos enormes por tudo que fez até hoje, e outros muitos por tudo que lhe falta a fazer”.

* Fonte: Granma Digital em português:
http://www.granma.cu/portugues;
intertítulos do Vermelho