Brasil é um dos que mais evolui em acesso a tecnologia

Estudo feito pela União Internacional de Telecomunicações (órgão da Organização das Nações Unidas, ONU) aponta que o Brasil foi um dos sete que mais cresceram desde 2001 na área de tecnologia. Mesmo

O país ocupa apenas a 71.ª posição entre as 180 nações analisadas pelo estudo, ainda que regiões como o Sudeste possam estar nos mesmos níveis de países ricos.

O relatório da agência da ONU, o primeiro de uma série planejada, mede o progresso na diminuição da exclusão digital mundial, após as Conferências Mundiais da Sociedade da Informação promovidas em Genebra, em 2003, e em Túnis, em 2005. Desde 2001, data em que a medição dos dados começou, a Índia tem mostrado o maior progresso, seguida por China, Rússia, Hungria e Peru. Os maiores avanços são registrados em infra-estrutura e uso de banda larga, afirma o relatório.

Alguns países obtiveram enormes avanços na utilização, com Bangladesh, por exemplo, saltando de uma cobertura de telefonia celular de 30%, em 2003, para 85% em 2005. Mas o progresso na redução da exclusão digital, principal objetivo das conferências, ainda é insuficiente. Enquanto os países não industrializados estão fazendo grandes progressos em telefonia móvel e acesso à internet, os industrializados estão progredindo em tecnologias de celular de terceira geração e banda larga, relata o documento.

Celular é exorbitante

O preço de uma ligação de celular no Brasil, por exemplo, é um dos mais altos do mundo, enquanto a média de computadores no país por grupo de cem habitantes é inferior ao índice mundial. O relatório traz uma informação alarmante: apenas metade do planeta conta com telefone fixo.

Nas Américas, o Brasil é a 19.ª economia em termos de desenvolvimento digital, critério conhecido na ONU como índice de oportunidade digital e que mede 11 critérios incluindo acesso, preço e infra-estrutura. A liderança regional é do Canadá, seguido por Estados Unidos.

O Brasil, porém, está em uma situação mais confortável que Cuba, Peru, Paraguai e Bolívia. Mas o País é um exemplo usado pela ONU como uma economia pode apresentar realidades tão distantes — no caso, entre as regiões Norte e Nordeste e as regiões Sul e Sudeste. No mundo, o índice de oportunidade digital é liderado pela Coréia, Japão e Dinamarca.

Em termos de celulares, por exemplo, 46 em cada cem brasileiros têm um aparelho. A média é inferior à do continente americano, onde existem 51 usuários para cada cem habitantes. Em números absolutos, porém, o Brasil é o segundo da região, com 86 milhões de usuários. O País, portanto, supera a média mundial, que é de 33 usuários para cada cem pessoas. Nos Estados Unidos, o total de aparelhos já ultrapassa a marca dos 200 milhões, o dobro do que foi registrado em 2001. Naquele mesmo ano, 23 milhões de brasileiros tinham celulares.

Acima da média em telefonia fixa

O problema, segundo a ONU, é que o brasileiro paga em média US$ 0,53 por uma chamada de um minuto. O valor é um dos maiores das Américas, onde a média é de US$ 0,32. Apenas o Equador conta com taxas mais altas. A média mundial da tarifa de um celular por minuto também é bem inferior à do Brasil: US$ 0,31 por minuto. Na Argentina, por exemplo, o valor é de US$ 0,24 por minuto, contra US$ 0,28 nos Estados Unidos.

Quanto aos aparelhos fixos, a taxa de penetração no Brasil é de 59 para cada cem habitantes. No total, 107 milhões de pessoas têm telefones fixos, um número bem acima da média mundial. Apenas metade da população do planeta conta com um telefone.

Já em relação ao acesso à internet, o Brasil ocupa a 17ª posição entre os países das Américas. Para cada cem pessoas no País, 12,1 são usuários. Isso significa que, no total, 22 milhões de brasileiros têm acesso à rede, média inferior à da região das Américas e mesmo do mundo. No planeta, com 862 milhões de usuários, para cada cem pessoas, 13,6 têm acesso à rede. Vários países da América do Sul têm um índice de conexão superior ao Brasil, como Uruguai e Argentina. Nos Estados Unidos, 56 em cada cem pessoas têm internet.

Ao contrário do custo do celular, a internet no Brasil é mais barata que a média mundial. Para cada conexão de 20 horas por mês, o valor no País é de cerca de US$ 25,00. Nas Américas, a média é de US$ 26,00, enquanto o mundo paga em média US$ 32,00 pela conexão.

No Brasil, há 19,3 milhões de computadores. De cada cem brasileiros, 10,7 conta com a tecnologia. Nos Estados Unidos, porém, existem 76 para cada cem. Já a média mundial é de 12,2 para cada cem. No país, os usuários de banda larga ainda não chegam a representar nem 1,5% da população, ainda que o valor do serviço seja inferior à média regional e um décimo da média mundial de US$ 706,00 por mês. Nos Estados Unidos, o serviço não passa de US$ 20 mensais.

Índice aponta estagnação

O relatório divulgado pela ONU revela uma clara preocupação com a barreira social existente no mundo, apesar de reconhecer que mais de um terço da população mundial já utiliza um celular e que uma em cada oito pessoas já possui um computador.

No entanto, a tarefa de ampliar a inclusão digital começa a esbarrar em barreiras ligadas à pobreza e à falta de capacidade de muitos paises de reagir. Segundo o relatório, os países com o Índice de Oportunidade Digital mais altos do mundo são Coréia do Sul (0,79), Japão (0,71), Dinamarca (0,71) e Islândia (0,69). Por continentes, a Europa fica em primeiro (0,55), seguida pelas Américas (0,40), Ásia (0,38), Oceania (0,33) e África (0,20).

O índice pode variar de 0 (nulo acesso a qualquer serviço de telecomunicações) a 1 (país onde as tecnologias são totalmente acessíveis, tanto por disponibilidade como por preço). A média mundial está na faixa de 0,37.

De acordo com o relatório, até 2015, pelo menos 3,3 bilhões de pessoas serão usuárias do serviço móvel celular. Isso significa que o terminal móvel estará disponível para 51,76% da população mundial.

Em alguns continentes, como na Europa e na Oceania, o índice de penetração já superou a casa dos 100%. Respectivamente, Europa e Oceania têm índices de 124,32% e 109,92%, o que determina que cada pessoa possui mais de um aparelho. Nas Américas, o índice é de 78,94%, e na Ásia, de 37,96%. Na África, o índice cai para 15,92% da população. O relatório da ONU é divulgado anualmente.

A União Internacional de Telecomunicações foi criada em Madri, em 1932, como resultado da fusão da União Internacional de Telegrafia (fundada em 1865) e da União Internacional de Radiotelegrafia (1906). Inicialmente com responsabilidades sobre as áreas de telegrafia, telefonia e rádio, a organização é, desde 1949, a agência especializada das Nações Unidas para telecomunicações.