Sessão solene na Câmara destaca Dois de Julho como data nacional

"Nunca mais o despotismo/ Regerá nossas ações/ Com tiranos não combinam/ Brasileiros corações", diz a estrofe do Hino Dois Julho, citado pelos oradores na sessão solene em homenagem à data, r

Segundo o parlamentar baiano, "o Dois de Julho se caracteriza como a luta efetiva da Independência do Brasil, inclusive quando já não havia mais guerra, que terminara às vésperas daquele dia. Foi a entrada do exército libertador na cidade de Salvador, a partir da fuga da esquadra e do exército portugueses, que ainda resistiam na Bahia", explicou aos parlamentares e alunos que assistiam á sessão das galerias do plenário.

Ele fez questão de contar, em longo discurso, o significado do Dois de Julho no processo de libertação do Brasil e a importância da data para o povo da Bahia. "A luta pela independência do Brasil na Bahia se inicia em fevereiro de 1822 e se estende até julho de 1823. Pode-se identificar duas fases nessa guerra. A primeira, exclusivamente baiana, começa com os acontecimentos de fevereiro de 1822, antecipados pela luta de Minas Gerais, onde se afirma Tiradentes", disse o parlamentar, destacando a necessidade dos "estudantes compreenderem a origem dessa história. Depois, a luta prossegue na Bahia, com a dita Revolta dos Alfaiates".

O parlamentar petista destacou a iniciativa da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), que aprovou na Comissão de Educação e Cultura da Câmara um projeto que considera o Dois de Julho como efeméride nacional. "Esse projeto deve ter efeito terminativo e irá para o Senado buscar incorporar a luta pela consagração do 2 de Julho como feriado nacional", afirmou.

Zezéu Ribeiro citou ainda o projeto do companheiro de Partido, deputado Luiz Alberto, também baiano, que apresentou um projeto que retoma o nome Dois de Julho ao Aeroporto Internacional de Salvador. "Por um desatino do momento e por uma situação de comoção, o nome do Aeroporto Dois de Julho foi alterado para Aeroporto Luís Eduardo Magalhães", lembrou Zezéu, que tem feito campanha para mudança do nome, lembrando que "nenhum homem supera a saga de um povo".

Em seu discurso, o parlamentar ressaltou que "o Dois de Julho é um desafio para a análise histórica. Com um feriado local cujos partidários, todavia, pretendiam representar a nação inteira, ele reflete mais do que as tensões entre lealdades regionais e nacionais no Brasil oitocentista. Ele apresenta um nacionalismo alternativo que celebrava as origens populares do Império brasileiro".

Nova compreensão

O parlamentar seguiu contando a história que, segundo ele, não pode ser alterada, "mas podemos alterar a compreensão que temos dela. A tentativa de mudar essa compreensão é que nos faz vir a este plenário hoje", afirmou.

Ele citou o médico e historiador baiano Brás do Amaral, que escreveu o livro "Ação da Bahia na Obra da Independência Nacional", em que registra, com indignação, que "a história do Brasil quer fazer constar que a independência ocorreu amistosamente e que será forçoso deduzir que havia, por parte dos brasileiros, uma passividade que não lhes é decorosa".

Para o parlamentar baiano, é um quebra cabeça nacional, que custou muitas vidas que ficaram pelas plantações, matos, mares, rios e ruas, e precisa ser recomposto.

De Brasília

Márcia Xavier