Lula e Requião lançam o Bio Diesel no PR. Produção começa no final de 2006

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Paraná, Roberto Requião, lançaram nesta terça-feira (20) em Araucária o Programa H-Bio Diesel, um novo tipo de óleo diesel – inédito no mundo – produzido a partir d

A produção começa em três usinas da Petrobras: Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, e Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul. A previsão é de que o País consiga reduzir as importações de óleo diesel em cerca 250 milhões de litros por ano – que equivalem a 15% das importações de diesel e que custam ao Brasil US$ 145 milhões ao ano. O investimento no projeto é de US$ 38 milhões nesta primeira fase. A partir de 2008, a Petrobras pretende estender a produção para outras duas refinarias.

Lula disse que sua vinda ao Paraná é uma homenagem ao governador Requião e ao povo do Paraná. “Essa é uma data histórica. O Paraná é um grande produtor de soja deste país e a minha vinda é um reconhecimento ao governador e à força de produção do estado”, disse Lula ao discursar para uma platéia de duas mil pessoas, entre trabalhadores e convidados presentes na Repar. “Este biodiesel hidrogenado, o H-Bio, abre perspectiva extremamente interessante para a produção de alta escala do combustível de origem vegetal e animal”, disse Requião.

Requião destacou ainda os esforços do Governo do Paraná em desenvolver tecnologias, como as de microfiltragens, que pretendem tornar possível a utilização de combustível de origem vegetal para agricultores paranaenses. “O desenvolvimento dessa tecnologia vai eliminar, por exemplo, o problema logístico do transporte, além de incentivar a produção da agricultura familiar”, disse.

O H-Bio foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobras nos últimos 18 meses, e não se confunde com o programa de biodiesel, que já vem sendo desenvolvido pelos governos federal e estadual desde 2003. Os dois combustíveis são diferentes e complementares.

O engenheiro químico Jefferson Roberto Gomes, que coordenou a pesquisa sobre o H-Bio e foi homeageado no lançamento, disse que os testes confirmaram que acrescentando óleo vegetal ao petróleo, durante a fase de refino para produção de diesel, se obtém um combustível com as mesmas características do diesel convencional, com a vantagem de ter um teor menor de enxofre.

Os testes, realizados na Refinaria Gabriel Passos, confirmaram a viabilidade técnica e comercial do processo, cujo registro de patente já foi solicitado ao Instituto Nacional de Propriedade Industria (INPI), e que ganhará escala industrial ainda em 2006.

O novo processo utilizará óleo vegetal (a partir de grãos de soja, mamona e dendê, entre outros) como insumo para a obtenção de óleo diesel, por meio da hidrogenação de uma mistura de óleo vegetal e óleo mineral, como carga das refinarias convencionais.

A mistura é feita durante o processo de refino, nas unidades de hidrotratamento (HDT), enquanto o biodiesel é feito com óleo vegetal, em usinas especialmente construídas para essa finalidade. O biodiesel tem algumas características diferentes do diesel comum e, se usado puro ou em altas concentrações, exige ajustes nos motores. Mas ele pode ser misturado ao diesel comum ou ao H-Bio nas composições atuais (2%, que chegarão a 5% em 2008) sem necessidade de ajustes especiais nos veículos.

O novo combustível apresenta vantagens econômicas, ambientais e sociais, quando comparado com o diesel convencional. Entre os benefícios sociais gerados a partir de sua produção, está o aumento da demanda por soja e outras oleaginosas, criando uma alternativa de mercado quando os preços internacionais dos produtos estiverem deprimidos.

Do ponto de vista ambiental, o combustível é menos poluente, e essa característica será ainda mais acentuada quando o H-Bio for misturado ao biodiesel. O consumidor também será beneficiado, já que a Petrobras deve pagar menos pelo H-Bio do que paga pelo diesel importado.

Outra vantagem é que a produção do H-Bio em escala comercial não exigirá a construção de novas plantas industriais, apenas a implantação de infra-estrutura de transporte e armazenamento dos óleos vegetais.

Do lançamento e do teste industrial de produção do H-Bio Diesel participaram ainda os ministros Paulo Bernardo (Planejamento), Dilma Rouseff (Casa Civil), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e os presidentes da Itaipu Binacional, Jorge Samek, e da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.

Fonte: Agência Estadual de Notícias