Em entrevista, João Cláudio Moreno fala de sua candidatura a deputado estadual. Leia!

A sessão Piauí no Portal Vermelho disponibiliza aos seus leitores a entrevista concedida pelo vereador de Teresina pelo PC do B, João Cláudio Moreno ao Jornal Visão da cidade Piripiri na edição do&

Jornal Visão – Há muito tempo consagrado como artista, inclusive, reconhecido em todo o país, o que motivou o humorista João Cláudio Moreno a assumir a carreira política, hoje atuando como vereador em Teresina?

João Cláudio Moreno – Aí é que está o problema. Não estou assumindo a carreira política. Estou político, fazendo uma experiência breve, rica e dolorosa. Numa tentativa de dar um exemplo. Um conjunto de pequenos exemplos que numa época em que os valores éticos parecem que caducaram, podem parecer e ser grandes. Eu defendo que gente como eu (com o perfil bem diferente dos políticos tradicionais) se candidatem. Façam bonito, diferente e depois saiam. Sobrevivam de sua profissão, não se perpetuem na política porque aí podem aparecer os vícios.

 

Jornal Visão – Por que candidato em Teresina e não em Piripiri? Foi mais uma questão de juntar o trabalho de artista?

João Cláudio Moreno – Não! Mesmo morando no Rio continuei votando em Piripiri e nunca anulei meu voto ou votei em branco. Por pior que seja a decepção, acho que a gente tem que começar e acreditar de novo, sempre com mais cuidado, com mais critério para escolher. Veja: na política, é como no amor, o que é mesmo importante é AMADURECER no processo de escolha. A gente só aprende votar, votando. E amar, amando. Transferi o meu voto para Teresina numa circunstância, foi numa eleição em que eu não queria votar no Pinto e nem no esquema Luis Menezes. Aí votei em Teresina, cidade onde já tinha uma identificação muito grande por ter vivido e trabalhado, inclusive, sendo secretário de Cultura da capital com apenas 23 anos. E quando, enfim, chegou a hora de assumir uma participação mais corajosa. Me expondo mesmo na linha de frente, com aquela disposição de se expor ao ridículo, à derrota ou à contaminação, e sair do processo ileso. Escolhi ser candidato em Teresina, tanto porque seria mais coerente (porque não dava para ir morar em Piripiri (um dia voltarei para minha Piripiri, mas não é agora) também porque era e é uma vitrine muito maior. Teresina é uma caixa de ressonância para todo o Piauí.

 

Jornal Visão – Como é atuar como vereador e ter que viver estudando leis, tomando decisões importantes para o povo?

João Cláudio Moreno – É uma oportunidade de aprender muitas coisas. A gente adquire, quando quer e se quiser, uma visão muito global da cidade, da política e da gente mesmo. Às vezes me diziam: mas você não vai conseguir mudar nada aqui. E eu respondo: eu não quero mudar o mundo. Eu quero mudar a mim mesmo. Me tornar mais humilde, mais tolerante, mais disponível, mais paciente… Neste sentido a Câmara Municipal tem sido mais eficiente do que mil livros de auto-ajuda. Depois você saber que pode deixar seu rastro, fazer, por exemplo, uma lei dessa do silêncio, que os jornalistas batizaram de Lei João Cláudio, e eu agradeço. Quando  o prefeito sancionou a lei, me emocionei porque sei que a curto, a médio e a longo prazo vai fazer muito bem à população. E eu estudo mesmo os assuntos. Estou me tornando um expert em Legislação Urbana, Orçamentária, Estatuto da Cidade, Projetos de Reciclagem do Lixo, enfim, muito sofrido, mas muito rico este período em que com muita honra estou vereador na capital.

 

Jornal Visão – É difícil legislar e manter-se em atividade de artista?

João Cláudio Moreno – Eu diria difícil é pouco, é quase impossível porque o vereador  atuante, preocupado, atento, não faz só legislar. Ele está presente nas comunidades ouvindo o povo, resolvendo problemas. Atendendo pessoas a toda hora com todo tipo de problema que você nem imagina. Visita o Ministério Público, faz petições, audiências públicas. Estuda as leis. Ufa! Vida de vereador é vida de cachorro. Uma repórter perguntou e porque é que o senhor quis essa vida? Respondi: é porque tenho muita consciência da minha omissão.

 

Jornal Visão – Quais são os propósitos do político João Cláudio Moreno? O que o Sr. ainda deseja?

João Cláudio Moreno. – Não desejo nada. Não faço planos. Procuro fazer silêncio em determinadas horas, tentando ouvir o que Deus está me pedindo pra fazer, sempre sabendo que a quem muito foi dado muito será pedido e que quanto mais eu for frágil, pequeno e humilde, mais Deus fará em mim maravilhas. Como fez com Nossa Senhora.

 

Jornal Visão – O Senhor é candidato a deputado estadual? E qual o seu relacionamento com os outros prováveis candidatos, Marden Meneses e José Pinto?

João Cláudio Moreno – Se eu sou candidato isso vai depender do povo. O povo do Piauí tem até junho para me dizer de muitas formas se acha que eu devo sair candidato. O meu partido quer muito que eu seja candidato, inclusive, retirou a candidatura do camarada Zé Carvalho, atual diretor do DNOCS. Todos cremos que numa atitude, na intenção de me deixar mais à vontade para decidir ser candidato a deputado estadual. Andando nas ruas, falando pela internet ou ouvindo opiniões na imprensa eu vou sentir a situação. Se o povo quiser que eu seja candidato, serei candidato. Se o povo não quiser que eu seja candidato, não serei. Pronto. Aos candidatos daqui, venho mantendo e quero continuar mantendo uma excelente relação de respeito e consideração. O Dr. José Pinto, eu ajudei a eleger em 1992, a única vez onde ele foi eleito. Todos devem se lembrar que eu me indispus com muita gente para ajudá-lo a ganhar a eleição, tenho por ele uma admiração por causa da sua humildade. Acho que isso supera todas as limitações que ele possa ter. Considero o Zé Pinto um fenômeno eleitoral… Uma pessoa que faz uma campanha que nem tem estrutura e quando abre a urna tem 10.000 votos é, sem dúvida, o maior fenômeno eleitoral individual do Piauí. Vem tentando ser deputado e não consegue porque não tem muitos votos no resto do estado. O Marden e eu, hoje temos um bom relacionamento, nos encontramos em ocasiões, conversamos, rimos, ele tem uma consideração pelo colégio Maria José… Instituição em que estudou… que me comove e eu sei que é sincera. Poderia se dizer que há uma réstia de imaturidade? Quem sou eu para achar isso. Creio que ele está respaldado por outro líder inconteste, de grandes serviços prestados à cidade, que é o Dr. Luiz Meneses. Mesmo em embates anteriores, nunca deixei de reconhecer como um grande prefeito. Acho que muita coisa que configura Piripiri como uma cidade diferente devemos a ele, isto nos dois aspectos: positivo e negativo.  Mas os aspectos positivos superam os negativos. Então se eu for candidato, não partirei para o confronto com nenhum dos dois… Vou agradecer a cada voto de quem não desejar votar nem em um nem no outro. Acho que deve haver num ambiente de 40 mil eleitores, pelo menos uns quinhentos que pensam assim. Se eu for elogiado, agradecerei e retribuirei em dobro. Se eu for agredido, não responderei.

Jornal Visão – Independente dos resultados, o Sr. pretende continuar na política até quando?

João Cláudio Moreno – Meus amigos mandavam eu dizer a frase batida: “O futuro a Deus pertence”. Prefiro dizer: o futuro, o passado e o presente a Deus pertencem. Só estão cogitando que eu seja candidato a deputado porque tenho sido, com ajuda de Deus, de muita gente, e do meu partido, um bom vereador. Se eu fosse um péssimo vereador, ninguém faria um apelo para que eu fosse candidato. Mas eu tenho a impressão de que a missão de artista é muito mais sublime, muito mais leve,  mais simpática e orgânica em mim. E eu acho que durante muito tempo não vai dar para eu fazer as duas coisas. E na hora de optar… o artista grita mais fundo e mais alto.

 

Jornal Visão – Como é a rotina do político João Cláudio Moreno? Que vícios na imagem de qualquer homem público mais lhe incomodam?

João Cláudio Moreno – Quase tudo visível incomoda. Mas há muita coisa que o povo não sabe nem imagina, ou não se dá conta. Isso me enche de admiração pela figura do homem público. O homem público não se pertence. Isto é uma cruz… Simbolicamente, falando uma cruz que o homem abraça, sustenta e carrega… Ele não arrasta… E este é o apelo do evangelho: quem quiser me seguir pegue a sua cruz e venha… Quem quiser! Não é obrigado não! É só quem quiser! O que me incomoda é a  cultura política que convida, estimula, quase que obriga o ser humano que entra na política a se desviar da conduta de trabalhar pelo bem comum e abraçar a prática de trabalhar pelo bem próprio. Parece que estamos vendo uma nova ética que manda ao invés de lutar por direitos lutemos por interesses.

 

Jornal Visão – O Sr. apoiará alguém de Piripiri para deputado federal. O Simplício Mário do PT ou Átila Lira do PSDB?

João Cláudio Moreno – Bom, pergunta difícil. Todo Mundo sabe, Simplício e eu somos da mesma família… Nossas mães são primas e como irmãs. Dona Chiquinha do seu Antônio Oliveira é considerada uma santa viva pela minha mãe. Eu sou padrinho do Thiago, o 2º filho do Simplício. Considero o Ariosvaldo, cunhado do Simplício, um dos maiores homens desse estado, e só é grande assim porque tem ao seu lado a Lúcia de Fátima. Minha mãe às vezes tem até ciúme (risos), porque acha que eu gosto mais da família do Simplício do que da minha. É quase impossível não votar no Simplício. Por outro lado, nós somos de partido diferentes, e o meu partido, PC do B, tem um único candidato a deputado federal. E é uma intenção unânime do nosso partido lutar para elegê-lo… Espero que o bom senso vença qualquer sentimento menor diante deste impasse.

 

Jornal Visão – Caso seja eleito, o que o Sr. pretende levar para a assembléia, em favor de Piripiri e região? Quais seus projetos?

João Cláudio Moreno – Acredito que um deputado de Piripiri eleito com a força do trabalho deve ajudar o prefeito da cidade, quem quer que ele seja, a fazer uma gestão eficiente. Um deputado de Piripiri deve suar a camisa para fazer o governo entender uma coisa impossível: a importância da nossa cidade.