STF decide: bancos têm de cumprir código do consumidor

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) deve ser aplicado aos bancos, seguradoras e financeiras nas relações com os seus clientes, segundo decisão do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Os bancos tentavam, por meio de uma ação, não serem regulados pelo CDC mas submetidos exclusivamente à Constituição, com base no artigo que remetia a regulação do sistema financeiro a uma lei complementar. Entretanto, os ministros do STF julgaram, por maioria, improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) proposta pela Confederação Nacional de Sistema Financeiro (Consif). Celso de Mello, ao anunciar seu voto, ressaltou que proteção ao consumidor qualifica-se como valor constitucional. Para o ministro, "as atividades econômicas estão sujeitas à ação de fiscalização e normativa do poder público, pois o Estado é agente regulador da atividade negocial e tem o dever de evitar práticas abusivas por parte das instituições bancárias".

Segundo Mello, o código de defesa do consumidor cumpre o papel de regulamentar as relações de consumo entre bancos e clientes. Ele acrescentou que o SFN (Sistema Financeiro Nacional) está sujeito ao princípio constitucional de defesa do consumidor e que o CDC limita-se a proteger e defender o consumidor. A ministra Ellen Gracie também julgou improcedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade feito pela Consif na Adin. Com a decisão de hoje, que é final, os consumidores poderão utilizar o CDC para reclamar de serviços e até de cobranças que considerarem extorsivas.

Bancários


 

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) avalia que os consumidores saíram com vantagem do julgamento do STF. "Com isso, o STF considerou constitucional o parágrafo 2° do artigo 2° do Código de Defesa do Consumidor. Ou seja, as atividades de natureza bancária, financeira, de crédito e securitárias devem ser incluídas no conceito de serviço abrangido pelas relações de consumo", divulgou o instituto. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região também elogiou o resultado da votação no STF.

 O presidente do sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, ressaltou a importância dos movimentos sociais na luta pela manutenção do código de defesa e pelos direitos do consumidor. "Ao longo de todos estes anos estivemos mobilizados junto aos órgãos de defesa do consumidor e realizamos dezenas de atividades com o objetivo de sensibilizar os senhores ministros para o grave problema que seria libertar os bancos do código."

Com agências