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PCdoB adia sua convenção nacional para 29 de junho

Em reunião extraordinária realizada nesta terça-feira, 6 de junho, a Comissão Política Nacional do PCdoB decidiu adiar a realização da sua Convenção Nacional – de 14 para 29 de junho. O evento oc

Em reunião extraordinária realizada nesta terça-feira, 6 de junho, a Comissão Política Nacional do PCdoB decidiu adiar a realização da sua Convenção Nacional – de 14 para 29 de junho. A medida foi aprovada em decorrência das indefinições nas discussões sobre alianças eleitorais e sobre a plataforma de campanha para a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Nos próximos dias, a direção do PCdoB deverá solicitar audiência com o atual presidente para expressar a sua preocupação diante dos problemas surgidos no processo sucessório.

Conforme ressaltou Renato Rabelo, presidente do partido, as quatro últimas pesquisas eleitorais, que indicam a possibilidade de vitória ainda no primeiro turno, resultaram num certo "salto alto e memória curta" de setores do PT. Apesar da insistência do presidente na busca da ampliação das alianças, visando garantir a vitória eleitoral e governabilidade num segundo mandato, estes agora estão mais preocupados com as questões locais, o que faz ressurgir o hegemonismo petista. Além do menosprezo às alianças com o PMDB, fiel da balança na sucessão, ressurgiram manifestações de exclusivismo até com os partidos do núcleo de esquerda do governo (PSB e PCdoB).

"Alguns setores avaliam que o presidente Lula já está reeleito, que a disputa será um passeio. Por isso, concentram suas energias nas disputas estaduais e na manutenção da bancada petista, como que buscando uma redenção do PT. Depois de chegar ao inferno, com a grave crise política, ele agora deveria priorizar seus interesses partidistas, pouco se importando com as forças aliadas e com a governabilidade num segundo mandato de Lula. Essa política do "já ganhou" pode levar ao desastre, afinal a campanha eleitoral ainda nem começou", alertou o presidente do PCdoB. 

O mesmo "salto alto" também se fez sentir na primeira versão da plataforma para a reeleição de Lula, apresentada pelo PT. O documento, que deveria ser assinado pelos três partidos, sequer fala na necessidade da superação dos entraves neoliberais e da construção do novo projeto nacional de desenvolvimento. Ele centra seu alvo na educação, tratada como "prioridade máxima" e como panacéia para todos os males, como se fosse possível enfrentar a grave dívida social brasileira sem o fortalecimento do Estado e maiores investimentos na infraestrutura e nas políticas sociais.

O adiamento da convenção nacional visa aprofundar a reflexão fraterna com o principal partido de sustentação do governo. Como destacou Renato Rabelo, o atual cenário é favorável ao campo democrático e popular, mas não pode gerar uma recaída para a euforia e a arrogância. "É certo que a direita está dividida e que a candidatura Alckmin não deslanchou. É certo também que o governo Lula aumentou sua popularidade, principalmente junto ao ‘povão’, em decorrência das políticas sociais e de outros acertos. Mas seria um grave erro subestimar as forças de direita e as dificuldades da batalha, que inclusive terá reflexos no avanço das esquerdas na América Latina".