Guerrilha islâmica anuncia que controla capital da Somália

Guerrilheiros islâmicos da Somália anunciaram hoje ter tomado a capital do país, Mogadíscio, após cerca de quatro meses de intensos combates contra uma milícia de chefes de guerra, indicou a emissora de rádio britânica.

Citando estações de rádios captadas a partir de Mogadíscio, o serviço de Internet da BBC informou que a União dos Tribunais Islâmicos (UIC, na sigla inglesa) anunciou ter tomado domingo à noite o controle da capital da Somália das mãos dos "senhores de guerra", convidando a população local a "aceitar" a nova liderança do país.

O líder da UTI é o xeque Sharif Sheikh Ahmed, que afirmou estar disposto a implementar a paz e a segurança na Somália, antes de consolidar qualquer mudança que, sublinhou, "será a vitoria do povo com o apoio de Alá". "Esta é a nova era para Mogadíscio. Estamos prontos para o diálogo", disse o xeque Ahmed.

A Somália vive uma situação de guerra civil há mais de 15 anos com combates persistentes que opõem uma milícia islâmica a grupos armados controlados por senhores de guerra, protegidos e financiados pelos Estados Unidos.

Desde então, o país vive sem um governo efetivo, sendo dirigido por um executivo provisório que funciona na cidade de Baidoa, 245 quilometros a noroeste de Mogadíscio. O governo interino do país, sediado em Nairobi, no Quênia, por razões de segurança, tem sido impotente para impedir o conflito.

Os senhores de guerra controlavam a capital há 15 anos, desde que derrubaram o governo de Mohamed Siad Barre, em 1991. De acordo com a BBC, a população somali rejeita o apoio dos americanos aos senhores de guerra e passou a respaldar as milícias islâmicas, que restauraram a ordem em partes de Mogadíscio, com tribunais regidos pela lei islâmica (sharia).

O primeiro-ministro interino, Ali Mohammed Ghedi, disse que o governo quer iniciar um diálogo com as milícias islâmicas. Ghedi demitiu quatro senhores de guerra que vinham trabalhando como ministros. Segundo as milícias islâmicas que assumiram o controle da capital, os quatro teriam fugido da cidade e estariam planejando deixar o país. O conflito deste ano na capital foi o mais sério por mais de 10 anos, com mais de 220 pessoas mortas nos últimos 30 dias. Em um comunicado lido nas rádios locais, o xeque Ahmed disse que o controle de Mogadíscio por senhores de guerra havia acabado.

"Os Tribunais Unidos Islâmicos não estão interessados na continuação das hotilidades e vão implementar paz e segurança depois da mudança trazida pela vitória do povo que apóia Alá", disse.

Com agências internacionais