Iraquianos investigarão massacre em Haditha

O governo iraquiano decidiu hoje iniciar sua própria investigação sobre o massacre de 24 civis iraquianos atribuído a Marines americanos em novembro do ano passado na cidade de Haditha, informou um conselheiro do primeiro-ministro do Ir

A decisão foi tomada durante uma reunião de gabinete. A investigação será conduzida por uma comissão especial composta por funcionários dos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos, assim como por oficiais dos serviços de segurança, disse Adnan al-Kazimi, o assessor, durante coletiva de imprensa realizada em Bagdá.

Kazimi disse que a comissão também investigará outros casos nos quais as forças de ocupação americanas são suspeitas de crimes de guerra no Iraque. "Um mecanismo precisa estar em vigor para governar as respostas dos soldados americanos e iraquianos a ataques", declarou Kazimi, numa aparente referência aos diversos casos nos quais os soldados de Estados Unidos e Iraque abrem fogo aleatoriamente e executar detenções arbitrárias depois de ações da resistência. Um dos casos citados é o assassinato, dentro de seu veículo, de uma mulher grávida que não teria obedecido um comando para parar em um posto de controle dos ocupantes. O sobrevivente, irmão da vítima, afirmou que os soldados não fizeram qualquer sinal para que parassem.

Nabiha Nisaif Jassim, de 35 anos, estava em trabalho de parto e seu irmão a levava às pressas para a maternidade da cidade quando os disparos ocorreram. Duas primas de Jassim também estavam no carro. Jassim, que tinha dois filhos, e sua prima Saliha Mohammed Hassan, de 57 anos, foram mortas pelos americanos, segundo a polícia iraquiana.

O Exército americano divulgou uma nota que alegava que os seus soldados dispararam por desobediência por parte do motorista do carro, que teria ignorado os "sinais" dados pelos soldados.

O irmão de Jassim, que foi ferido por estilhaços de vidro, rejeita a versão dos ocupantes. "Eu corria muito porque não vi qualquer sinal ou advertência dos americanos. Só quando eles deram dois tiros que mataram minha irmã e minha prima é que eu parei", relatou. "Que Deus castigue os americanos e aqueles que os trouxeram para cá. Eles não dão valor às nossas vidas".

O Pentágono, após denúncias de seus próprios investigadores, abriu duas investigações sobre o massacre de Haditha, perpetrado em 19 de novembro do ano passado, quando 24 civis foram assassinados, inclusive mulheres e crianças. O massacre teria sido uma vingança dos fuzileiros navais americanos à explosão de uma bomba na qual um soldado morreu. Segundo testemunhas, os militares americanos invadiram casas e abriram fogo a esmo.

Com agências internacionais