Violência retorna às ruas de Timor Leste

Novos episódios de violência ocorrem no momento em que mais forças de paz estrangeiras chegam ao Timor Leste para colocar fim aos distúrbios que desestabilizaram o país nos últimos dias. Gangues entraram em choque pelas ruas de Díli, enquanto

Segundo o porta-voz de uma coalizão de mais de 30 grupos de ajuda humanitária, mais de 100 mil pessoas fugiram da capital, e os desabrigados já passam dos 70 mil. Campos de refugiados foram montados nos arredores de Díli. Depois de um dia sem violência na terça-feira, os confrontos voltaram a ocorrer nesta quarta em diversas partes da cidade.

O pretexto para a revolta deu-se com a demissão, em março, de cerca de 600 soldados do exército, que protagonizavam um protesto trabalhista. Após quatro séculos como colônia portuguesa, 24 anos de ocupação indonésia e três administrado pela ONU, o Timor Leste nasceu como um Estado soberano apenas em 20 de maio de 2002. O líder rebelde Alfredo Reinado, ex-major, afirma que a crise não será resolvida até que o primeiro-ministro Mari Alkatiri entregue o cargo.

A crise política teve hoje outro impasse com o adiamento de uma reunião sobre defesa e segurança, devido a desacordo entre presidente e primeiro-ministro. Após uma noite mais calma do que tem sido habitual nos últimos dias, a reunião do Conselho Superior de Defesa e Segurança (CSDS) não se realizou por divergências quanto à participação dos ministros Roque Rodrigues (Defesa) e Rogério Lobato (Interior), cuja demissão foi exigida terça-feira pelo presidente Xanana Gusmão.

"Há um 'braço de ferro' entre o presidente e o primeiro-ministro, porque Xanana Gusmão quer que os dois ministros sejam exonerados antes e não participem na reunião" do CSDS, disse uma fonte governamental citada pela Agência Lusa. Para a agência, o primeiro-ministro Mari Alkatiri esclareceu que se trata de "condições novas", porque no Conselho de Estado de segunda e terça-feira "nunca houve esta exigência de demissões antes da reunião do CSDS".

Alkatiri garantiu que não pretende "criar quaisquer obstáculos ou dificuldades", mas reafirmou que a exoneração de ministros "é da competência do primeiro-ministro". Alkatiri anunciou ainda ter convocado para quinta-feira uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, mas não revelou se demitirá Roque Rodrigues e Rogério Lobato, como exige Gusmão. Mari Alkatiri reiterou que continua à frente do Governo e que não tenciona demitir-se, exceto se o seu partido assim o exigir.

Com agências internacionais