Fluxo de capital para países pobres atinge recorde

O comércio e a integração financeira entre as economias pobres contribuiu para um recorde histórico do fluxo de capital privado aos países ''em desenvolvimento'' em 2005, segundo aponta um relatório do Bando Mundial (Bird).

Pelo terceiro ano consecutivo, o fluxo de capital para os países "em desenvolvimento" teve um crescimento – uma alta de US$ 94 bilhões no ano passado, atingindo um total de US$ 491 bilhões, segundo o levantamento Finanças para o Desenvolvimento Global 2006. Os países pobres da Ásia Central e Europa foram os que mais atraíram recursos, foram US$ 191,7 bilhões.

América Latina e Caribe, que até 2001 era a região predileta dos investidores, ficaram na terceira posição, com US$ 94,4 bilhões. O investimento estrangeiro direto (IED) sul-sul aumentou, atingindo US$ 47 bilhões em 2003, em comparação com US$ 14 bilhões em 1995 e, em 2003, foi responsável por 37% de todo o IED dos países em desenvolvimento. Para esse item o relatório só tem dados de 2003.

 

Confiança

 

"Embora esses fluxos sul-sul representem uma parcela relativamente pequena do total de fluxos privados, têm o potencial de mudar a fisionomia do financiamento para o desenvolvimento, especialmente se o crescimento nos países em desenvolvimento continuar a ultrapassar o dos países desenvolvidos", disse Mansoor Dailami, principal autor do relatório.

 

Grande parte do IED sul-sul provém de firmas de países de renda média e é investida na mesma região – por exemplo, do Brasil na Bolívia. No entanto, cerca de metade do IED da China destinou-se a projetos de recursos naturais na América Latina. O Bird diz que o aumento do fluxo de capital para os emergentes foi impulsionado por privatizações, fusões ou aquisições de empresas, refinanciamento da dívida externa e maior interesse de investidores estrangeiros no mercado de títulos, em especial, na Ásia e na América Latina.

 

A abundante liquidez global fez com que fatores negativos – como a alta do petróleo e aumento da taxa de juros nos países ricos – ficassem em segundo plano. "Esses fluxos crescentes de capital refletiram uma maior confiança nas perspectivas econômicas de vários países em desenvolvimento", afirmou François Bourguignon, economista-chefe do Bird. "Os países beneficiam-se de melhores condições do mercado global e de melhores climas de investimento, ao passo que uma integração financeira global mais estreita apresenta desafios difíceis aos responsáveis pela formulação de políticas dos países, tanto desenvolvidos como em desenvolvimento, para manter o crescimento econômico e a estabilidade financeira", disse.

 

 

Expectativa

 

O Bird prevê que o PIB da América Latina e Caribe, a preços de mercado, deve subir 4,6% neste ano, 4% em 2007 e 3,7% em 2008. O relatório diz que 2006 será um ano "estável" para a região e que no Brasil deve haver um "relaxamento das políticas monetárias", embora não espere que as eleições presidenciais em sete países resultem em "mudanças significativas na política macroeconômica".

Em relação à expectativa para o fluxo de capital aos emergentes, o Bird diz que "2007 será misto", já que alguns países, como o Brasil, estão emitindo mais títulos no mercado doméstico e o movimento de fusões e aquisições na indústria petrolífera já está completo. A previsão é que o IED registre um crescimento, embora em ritmo menor comparado ao ano passado. O relatório do Bird diz ainda que "um país como o Brasil poderia ter um aumento em investimentos de até 1% do PIB como resultado de uma alta de um ponto percentual no fluxo de capital privado, caso se tornasse aberto a fluxos financeiros como o México".

 

A informação é da
agência BBC Brasil