Trabalhadores iniciam ações contra Volks na próxima semana

Os sindicatos dos metalúrgicos, que atuam com funcionários da Volkswagen, iniciam na próxima semana jornada de lutas contra o anúncio da multinacional de demitir 5,7 mil trabalhadores no Brasil. Paralisações nos cinco pólos industriais

Os sindicatos dos metalúrgicos que atuam com funcionários da Volkswagen iniciam na próxima semana jornada de lutas contra o anúncio da multinacional de demitir 5,7 mil trabalhadores no Brasil. Paralisações nos cinco pólos industriais da empresa no país devem acontecer simultaneamente.

Na terça-feira (23/05), os dirigentes sindicais entregaram um documento para que a empresa marque uma reunião única com representantes das cinco empresas. A montadora agendou reuniões separadas por regiões com os sindicatos. Mas, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José López Feijóo, o comitê nacional de trabalhadores da Volks não aceitará negociação de forma separada.

“É uma luta de resistência de longo prazo. Precisamos de unidade entre os comitês e sindicatos. Por isso, todas as ações serão feitas em conjunto. E ninguém sentará à mesa com a empresa sozinho”, pontuou Feijóo.

O presidente do Sindicato de Taubaté, Valmir Marques, o Biro Biro, disse que qualquer negociação com a empresa tem que prever uma contrapartida social efetiva. “Temos de barrar esse plano de reestruturação e a greve não é a nossa única tática. Estamos levando o debate para a sociedade com os impactos sociais”.

As cinco plantas da Volks: Anchieta, Taubaté, Curitiba, São Carlos e Resende, envolvem mais de 100 mil trabalhadores diretos e 500 mil indiretos. Das 5.773 demissões anunciadas, 3672 seriam em São Bernardo do Campo, 1420 no Paraná e 681 em Taubaté. Deste total, 3016 demissões ocorreriam ainda neste ano. Entre os demitidos, 85% seriam da produção.

Em Curitiba, já ocorreram 69 demissões apenas neste mês e os trabalhadores já iniciaram as manifestações. Na semana passada, todos os funcionários da planta da área cruzaram os braços, segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Cláudio Gramm.

Articulação internacional –
O plano de reestruturação da empresa alemã não é apenas para o Brasil. Na própria Alemanha já foi anunciada a intenção de demitir 20 mil trabalhadores. Na Espanha, duas fábricas devem ser fechadas, e uma em Portugal.

Por isso, os trabalhadores das 43 fábricas da Volkswagen em todo mundo estão articulando ações conjuntas. De acordo com Feijóo, uma primeira ação será a confecção de material, adesivos e faixas, com a mesma mensagem em diversas línguas.

Dois encontros internacionais já foram realizados. Um do Comitê Internacional dos Trabalhadores na Alemanha da Volks, há duas semanas e, no México, no último fim de semana, da Rede Sindical Alemã-Ibero-Americana. No encontro realizado em Puebla, no México, foram definidas as ações apresentadas por Feijóo.

“Estamos vivendo uma mudança drástica nas relações capital-trabalho. Ao invés dos sindicatos e das organizações dos trabalhadores apresentarem suas reivindicações na busca constante de melhores condições de trabalho, são as empresas que fazem exigências aos trabalhadores. De forma repetitiva, as empresas exigem que renunciemos aos postos de trabalho, aos direitos conquistados em longas e históricas jornadas de luta”, diz a Declaração de Puebla.

Alfonso Rodrigues, coordenador nacional da Comissão de Trabalhadores da Volks na Espanha, que esteve em São Bernardo nesta segunda-feira (22), disse que as aflições dos trabalhadores são as mesmas em todo o mundo. “A solidariedade do trabalhador é muito forte. Mas às vezes é difícil mobilizar. Só acontece quando o sapato aperta o próprio pé. E na Espanha estamos sentindo isso agora e vamos atuar juntos com os outros sindicatos”, declarou Rodrigues.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC diz que não existe acordo que não for a favor do trabalhador: “A Volks resolveu aumentar seus lucros arrancando o couro da peãozada. Se tem alguém inflexível é a empresa. Não são os trabalhadores. É essa inflexibilidade que temos de quebrar”.