PFL não esconde decepção com queda de Alckmin nas pesquisas

As pesquisas Datafolha e Sensus divulgadas ontem ainda repercutem em Brasília, em uma semana que se aproxima do fim sem produzir outra grande novidade no cenário político. Entre os estrategistas da campanha da chapa Geraldo Alckmin/José Jorge,

As duas pesquisas coincidiram na indicação de que o presidente Lula se reelege no primeiro turno, se as eleições fossem hoje, e de que aumentou de 15 para 17 pontos percentuais a diferença sobre Alckmin nos cenários de segundo turno. Os analistas do PFL esperavam algum crescimento de Alckmin nas simulações de confronto direto, sobretudo em virtude da saída do nome de José Serra das cartelas dos pesquisadores, e do colapso da pré-candidatura do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB).
O secretário-executivo do PFL, Saulo Queiroz, destacou quatro aspectos que podem ter contribuído para piorar a situação de Alckmin. O candidato tucano teve em maio o seu inferno astral, o pior mês desde o seu lançamento, segundo Queiroz, porque deixou o protagonismo do governo paulista para tornar-se apenas um pré-candidato proibido por lei de fazer

Campanha.

Na opinião do pefelista, enquanto isso, o presidente Lula desfrutou do melhor momento de seu governo desde a eclosão da crise política, "agiu como candidato embora ainda diga não ter decido se tentará a reeleição", afirmou.

Alckmin cometeu erro estratégico ao privilegiar viagens aos estados do Nordeste em detrimento de sua base eleitoral em São Paulo, avalia o pefelista, destacando que "a sua imagem foi abalada pela crise na segurança pública paulista, além de ter baixa visibilidade na mídia".

Para Saulo Queiroz, o presidente Lula, ao contrário, teve ampla visibilidade de mídia, "com aparições diárias nos telejornais unicamente praticando boas ações, e desfrutou do auge dos

efeitos da valorização cambial sobre a renda dos mais pobres, e do aumento real de 13% para o salário mínimo".

A preocupação com os cenários de segundo turno deve-se à expectativa de que a eleição presidencial fique polarizada entre Lula e Alckmin, o que aumenta a hipótese de disputa em um só turno. "Não seria realista, alegam os líderes oposicionistas, trabalhar com uma disputa em dois turnos quando as pesquisas apontam o contrário".
Os tucanos procuram fazer análises menos pessimistas, considerando que, dentro das

circunstâncias, os números foram bons para o ex-governador, que teria se estabilizado no seu piso de apoio, em torno de 20% do eleitorado, sendo ainda desconhecido para 45% do eleitorado. Lula, diferentemente, teria provavelmente chegado próximo ao seu teto, com pouco espaço para crescer além do limite de 44% no primeiro turno, sendo ele 100% conhecido.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), tentou explorar essa visão dos números. Ele observou que no Datafolha Lula passa de 44% no primeiro turno para 52% no segundo, no confronto com Alckmin e sem candidato do PMDB na primeira rodada; no Sensus, ele sai de 42,7% no primeiro turno para 48,8% no segundo. Lula ganha, portanto, oito pontos no Datafolha e pouco mais que 6 no Sensus. Alckmin, porém, sai de 22% no primeiro turno para 35% no segundo, 13 pontos percentuais a mais no Datafolha, e de 20,3% para 31,3%, onze pontos a mais na pesquisa Sensus/CNT.

Com agências