Mau desempenho de Alckmin abre crise no PSDB-PFL

O bloco conservador PSDB-PFL vive uma crise. O anúncio da aliança entre as duas siglas, com o senador José Jorge (PFL-PE) na vice do presidenciável  tucano Geraldo Alckmin, foi adiado de segunda para quarta-feira que vem, e transferido

Comenta-se que a mudança foi um pedido do governador pernambucano, Jarbas Vasconcelos, um peemedebista pró-Alckmin. Conforme a nova decisão, a aliança será celebrada num evento menos simbólico. Não há clima para festas. A temporada é de troca de acusações.
Tasso: “Ou é aliado ou não é”
"Essa coisa de setores do PFL ficarem batendo não dá mais. Chega de brincadeira de ficar batendo em candidato, no Fernando Henrique, no Aécio (Neves, governador de Minas Gerais). Ou é aliado ou não é", disparou o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).
As críticas de Tasso tiveram vários endereços no PFL, em especial o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia. Maia acusou Tasso de "traidor", por negociar no Ceará apoio a Cid Gomes ao governo do Estado. Cid é candidato do PSB e irmão do ex-ministro Ciro Gomes, um dos nomes cotados para ser vice do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O tom elevado das críticas provocou agitação entre as duas cúpulas. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), propôs a criação de um conselho político tucano e pefelista para discutir as desavenças semanalmente. O PSDB aceitou o convite, pois avaliam que a briga interna poderia significar um suicídio eleitoral, com Alckmin cada vez mais fragilizado na campanha. Mas Tasso Jereissati resiste à participação de Rodrigo Maia, líder do PFL na Câmara e filho do prefeito carioca.
Cinco meses de lutas internas
A divisão entre os setores da oposição vem de longe. Seu momento mais comentado foram os três meses da disputa entre Alckmin e o então prefeito paulistano, José Serra, pela candidatura presidencial do bloco conservador. Serra jogou a toalha no mês passado, em meio a juras de unidade.
 Porém em seguida instalou-se outra disputa, desta vez dentro do PFL, para a escolha do candidato a vice. José Jorge venceu o também senador José Agripino (RN), que tinha o apoio do Grupo Carlista (do senador baiano Antonio Carlos Magalhães). O partido saiu rachado.
A crise de segurança em São Paulo provocou uma reação inesperada do governador pefelista Cláudio Lembo. Atacado de todos os lados e sem nada a perder, Lembo apontou que “temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa", criticando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador Geral Alckmin e elogiando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo número um do bloco conservador.
Nesta semana, as brigas internas sobre as alianças regionais se acentuaram, expondo uma luta política pela cabeça de chapa das coligações nos Estados. No Rio de Janeiro, por exemplo, o PSDB indicou um candidato próprio ao governo do Estado, contrariando acordo prévio com o PFL de ter na coligação um nome pefelista à frente da chapa.
Caça às bruxas intra-tucanos
A crise em São Paulo deflagrou uma controvérsia paralela. Em seu site, o deputado Alberto Goldman (SP), ligado a José Serra e vice-presidente do PSDB, investiu contra seus próprios colegas de partido. "Fernando Henrique Cardoso, em Nova York, falou demais. Aécio Neves, em Nova York, ficou com sua tradicional pinta de boa vida. Tasso, em Nova York, fazendo pronunciamentos inconvenientes, todos encobrindo, de forma negativa, o esforço de Geraldo Alckmin aqui, na província", afirmou.
A pesquisa CNT-Sensus apontou que a maior parte dos entrevistados acha que os atentados do crime organizado prejudica a campanha do tucano pela Presidência. À noite, no “Jornal Nacional” da Globo, o instituto Datafolha confirmou a tendência apontada pelo Sensus, de vitória de Lula já no primeiro turno.
"Em dia que sai a pesquisa, eles perdem completamente o bom "sensus"", brincou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), fazendo um jogo de palavras com a pesquisa divulgada e com a agitação da oposição no plenário da Casa.
Com informações
da agência Reuters