Oposição tenta mas não consegue ''aproveitar'' depoimento de Delúbio

Atualizada às 19h30

A oposição, mesmo utilizando a tática da intimidação e da indução, não conseguiu  arrancar nenhuma declaração comprometedora do ex-tesoureiro do

Acabou, depois de mais de quatro horas de duração, o depoimento do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares na CPI dos Bingos.

Ele voltou assumir sozinho a responsabilidade dos empréstimos de mais de R$ 55 milhões feitos pelo partido, reafirmou que a direção do PT não sabia dos empréstimos e negou mais uma vez que houvesse caixa 2 na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-tesoureiro do PT negou ainda que tenha solicitado US$ 50 milhões ao banco Opportunity, de propriedade de Daniel Dantas. À CPI, Delúbio contou que se encontrou com o ex-sócio de Dantas, Carlos Rodenburg, no hotel Blue Tree a pedido do publicitário Marcos Valério.

Segundo Delúbio, Rodenberg lhe disse que o PT não gostava do Opportunity a que ele respondeu que o partido não gostava nem desgostava do banco e que não tinha restrição nenhuma à empresa. A informação foi divulgada por Daniel Dantas em entrevista à revista Veja no começo da semana. Rodenberg reafirmou que Delúbio teria pedido de US$ 40 a 50 milhões para ajudar a "saldar déficit" em encontro ocorrido "quatro meses depois do início do governo".

Delúbio também negou qualquer irregularidade na campanha presidencial de Lula em 2002. Ele negou participação do publicitário Marcos Valério ou que tenha ocorrido caixa 2 nas finanças. O ex-tesoureiro ressaltou que, da parte do PT, a comissão financeira da campanha era integrada apenas por ele e o ex-ministro José Dirceu, além dos presidentes dos partidos aliados e seus tesoureiros.

Delúbio disse ainda não ter conhecimento da doação de R$ 1 milhão de empresas de bingos à campanha de Lula em troca da liberação do funcionamento do setor ao ser interrogado pelo relator, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN).

Repetição de fatos já conhecidos

O ex-tesoureiro negou também conhecer a doação de dólares vindos de Cuba à campanha de Lula.

Delúbio afirma que não conhece a informação de que a empresa Gtech doou R$ 10 milhões ao PT em troca da renovação de contrato com a Caixa Econômica Federal, extorsão que teria sido realizada pelo ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz e Rogério Buratti.

Em seguida, Delúbio disse desconhecer esquema de corrupção na prefeitura de Ribeirão Preto e negou que Ralf Barquete tenha repassado ao PT propina vinda de empresas de lixo da cidade.

Delúbio foi interrogado inclusive sobre Paulo Okamotto, presidente do Sebrae. Ele explicou que ele era apenas o responsável pela administração do Comitê da Campanha do PT em São Paulo. O fato dele ter pago dívida do presidente Lula ocorreu porque ele era procurador do presidente, respondeu.

Ao ser questionado pelo relator se teria dito que a CPI e todas as investigações acabariam em uma "piada de salão ", Delúbio respondeu que não deu entrevista ao jornalista do Estadão que divulgou a frase. Ele contou que visitava seus pais em Goiás e que o jornalista apareceu no local, mas ele se recusou a dar entrevista. Entretanto, seu pai convidou o jornalista para almoçar. O ex-secretário terminou a explicação dizendo que não falou tal frase e inclusive pediu desculpas aos parlamentares pela frase, apesar de não ter dito isso.

Segundo o senador Tião Viana (PT-AC), o depoimento de Delúbio "é a repetição de fatos já repetidos nas CPIs, na Polícia Federal, no Ministério Público. Espero que a oposição entenda que criar esse constrangimento aos investigados não rende dividendos político-eleitorais".

Até o relator da CPI, o oposicionista Garibaldi Alves (PMDB-RN) jogou a toalha. Para ele, depoimentos como esse não acrescentam nada aos trabalhos da comissão. "Ele foi muito lacônico hoje. Está na hora de acabar com essa CPI", afirmou o senador.

Da redação, com informações das agências