Movimento pede investigação das 115 mortes em SP

O Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) defende que o Ministério Público Federal e o Ministério Público estadual investiguem em que condições se deram as 115 mortes ocorridas no estado de São Paulo, durante

Na lista de mortos estão 71 supostos criminosos, 32 policiais, oito agentes de segurança penitenciária e quatro civis, de acordo com o balanço divulgado ontem (17) pela Secretaria Segurança Pública do estado.

"Queremos que se investiguem as circunstâncias em que todas as pessoas foram mortas, os presos, os civis, os militares, todo mundo", afirma a coordenadora nacional do MNDH, Rosiana Queiroz. "Não somos favoráveis a nenhum tipo de execução, Não é porque as mortes se deram dentro de um processo de conflito, de violência, que não devam ser investigadas", ressalta.

Para ela, o Ministério Público é a instituição mais adequada para fazer uma apuração imparcial e isenta dos fatos. Segundo Queiroz, só uma investigação rigorosa poderá apontar se houve algum tipo de abuso da polícia durante as operações para conter os ataques a alvos policiais e as rebeliões em presídios. "É preciso que se investigue as condições das mortes das pessoas que foram consideradas criminosas", disse a coordenadora.

"O que tenho acompanhado pelo movimento em São Paulo é que muitas pessoas foram mortas simplesmente por serem transeuntes, por estarem em atitude suspeita, por serem negros, pobres, da periferia. Houve um clima de terror e a polícia reagiu; ao invés de agir, de criar uma ação planejada, fez uma reação violenta".

No entendimento da coordenadora, para combater os ataques criminosos, os policiais tiveram uma espécie de consentimento social. "É como se fosse uma autorização: ‘eles [os criminosos] vieram pra cima da gente, então temos que revidar’. Esse tipo de revide não é salutar, é ruim, porque cria uma polícia embrutecida, que, em vez de ser uma polícia inteligente, reage de forma violenta tanto quanto o crime organizado", explicou.