Prossegue julgamento do ex-presidente Saddam Hussein

O julgamento do ex-presidente Saddam Hussein, derrubado após a invasão anglo-americana do Iraque, e de sete de seus antigos colaboradores prosseguiu hoje com a apresentação das testemunhas de defesa.

Na sala do Supremo Tribunal só estavam presentes três dos acusados, identificados como Abdullah Kazim al-Ruwayyid, seu filho Mizhar e Mohamed Azzawi, revelaram as emissoras árabes de televisão.

Hussein e seus funcionários são acusados pelo tribunal instalado pelos ocupantes por estar supostamente implicado no massacre de 148 cidadãos iraquianos xiitas na aldeia de Dujail, em 1982. O ato ocorreu após um atentado fracassado contra a caravana presidencial.

Testemunhas familiares

A primeira testemunha levada à corte pela defesa é filho de Abdullah al-Ruwayyid e irmão de Mizhar al-Ruwayyid. Ele disse à corte que ele não viu nenhum dos acusados junto as forças de segurança que chegaram à cidade após o dia 8 julho de 1982, quando aconteceu o ataque ao comboio de Saddam Hussein.

O testemunho acabou se tornando um bate-boca entre os advogados de defesa e Abdel-Rahman, após o juiz ordenar que as testemunhas não se referissem a Hussein como "Sr. Presidente".

O chefe da defesa, advogado Khalil al-Dulaimi, expressou seu repúdio ao juiz, dizendo que "o tribunal não pode ordenar às testemunhas que mudem as palavras que elas escolheram.

A defesa considera que Hussein é ainda o presidente legítimo do Iraque, apesar da invasão e posterior ocupação liderada pelos EUA.

"O que é baseado na falsidade, é falso", disse al-Dulaimi, referindo-se aos argumentos da defesa, sobre a ilegitimidade do tribunal, porque ele foi criado sob as ordens das tropas militares americanas no Iraque.

Abdel-Rahman tentou rebater os argumentos da defesa, afirmando que "isso é um caso puramente criminal, não temos de tratar de questões políticas aqui. Sua testemunha é um homem simples, que não tem nada a ver com política, que está aqui para tentar mostrar que seu cliente é inocente. Façam perguntas a ele".

Os três antigos integrantes do partido Baath, autoridades locais de Dujail na época, são acusados de denunciarem às forças de segurança cidadãos que teriam participado do atentado fracassado.

Resistência nega diálogo

Ao mesmo tempo, o comando militar americano confirmou hoje a morte de um soldado da Divisão Multinacional Bagdá, que morreu no sul da cidade com a explosaão de uma bomba caseira colocada no caminho de seu veículo por membros da resistência.

O breve comunicado do Exército não revelou a identidade nem o posto do militar morto, o 42.° do mês.

Os EUA perderam 2.446 soldados no Iraque desde março de 2003, quando começou a guerra e a ocupação contra o Estado árabe, sem o consentimento e com o repúdio da comunidade internacional.

A emissora Al-Jazira, do Catar, informou hoje que cinco grupos de resistência sunitas recusaram negociar com os comandos militares dos Estados Unidos e do Reino Unido.

"Ainda não chegou a hora da negociação. Os americanos estão tentando tirar das suas costas seus probelmas políticos e militares por qualquer meio", ressaltou um comunicado conjunto.

Os grupos da resistência que assinaram a nota são as desconhecidas Brigadas Tamkim e Coração dos Habitantes do Iraque. Outras três organizações são o Exército de Rachidín, o Movimento Islâmico dos Mujaedins do Iraque e as Brigadas da Revolução de 1920.

Anteriormente, o Exército Islâmico do Iraque exigiu um calendário de retirada das tropas americanas da nação árabe, e que o desejo de negociar partisse da resistência.

O convite para alcançar um acordo pacificador entre forças de resistência e de ocupação foi apresentado domingo passado pelo vice-presidente do Iraque, o sunita Tareq al Hachemi.

Com informações da Agência Prensa Latina e al-Jazira