Jornalistas espionaram colegas para o serviço secreto alemão

O serviço secreto alemão (BND) espionou jornalistas durante anos e em grande escala, segundo um relatório do ex-juiz do Tribunal Supremo Gerhard Schaefer, divulgado hoje (12/5) pela imprensa alemã.

O jornal Süddeutsche Zeitung cita nesta sexta-feira um amplo relatório confidencial que Gerhard Schaefer, ex-juiz do Tribunal Supremo, enviou esta semana à comissão de controle parlamentar. A reportagem comenta cinco casos de jornalistas que espionaram companheiros e venderam suas informações ao BND, o serviço secreto alemão.

Os jornalistas foram cooptados pelo órgão ou se ofereceram voluntariamente. Entre os meios de comunicação mais observados estão as revistas Der Spiegel, Focus e Stern, além do próprio Süddeutsche Zeitung.

Ente as atividades do BND, citadas por Schaefer, está a observação de jornalistas em restaurantes, onde se suspeitava que eles se reuniam com fontes anônimas. A vida privada de um jornalista da Focus foi espionada durante anos. Um colega de redação trabalhou para o BND de 1982 a 1998 e recebeu em troca 600 mil marcos (300 mil euros).

As revelações mais recentes datam do segundo semestre de 2005. Na época, o serviço secreto obteve informações sobre um conhecido jornalista alemão. Para escrever o relatório de mais de 170 páginas, Schaefer entrevistou oito altos funcionários do BND que sabiam de tudo. O ex-juiz chega à conclusão de que o órgão atuou ilegalmente e violou a liberdade de imprensa.

Segundo o Süddeutsche Zeitung, a comissão de controle parlamentar, cujas sessões e relatórios são confidenciais, vai ouvir a versão do BND antes de avaliar o caso.