EUA desdenham carta de líder iraniano

Os Estados Unidos desdenharam a carta enviada pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ao presidente dos Estados Unidos, George Bush. A desculpa do governo americano para desconsiderar a mensagem é de que o documento de 18 páginas "&eacu

A carta de Ahmadinejad foi tida como sendo a primeira de um líder iraniano a outro americano desde a Revolução Islâmica no Irã, em 1979. O documento chegou aos Estados Unidos por meio da embaixada da Suíça, em Teerã, uma vez que Irã e Estados Unidos não mantêm relações diplomáticas.

O texto que defende novas maneiras para resolver o impasse entre Estados Unidos e Irã é permeado por referências religiosas e afirma que a pesquisa científica é um direito básico de todos os países, cobrando de Bush coerência em sua "vida espiritual".

"Nós acreditamos que um retorno aos ensinamentos do divino profeta (Maomé) é o único caminho da salvação. Já me foi dito que vossa excelência segue os ensinamentos de Jesus … e acredita na promessa divina de um reino dos justos sobre a Terra", cobra Ahmadinejad.

Queda do preço do petróleo

A possibilidade de entendimento entre Irã e Estados Unidos, aberta com a notícia do envio da carta, fez com que o preço do petróleo fechasse ontem abaixo de US$ 70 por barril em Nova York. Em Londres, o barril de petróleo do tipo Brent, negociado para o próximo mês, baixou US$ 0,74 e fechou cotado a US$ 70,21. Vale lembrar que a família do líder do regime americano tem negócios com petróleo.

Sem consenso

Ontem (8/5), ministros das Relações Exteriores de diferentes países reunidos em Nova York não conseguiram chegar a nenhuma posição conjunta sobre como contornar a crise nuclear iraniana. A reunião realizada na segunda-feira contou com a participação de integrantes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e com representantes de países da União Européia.

Segundo um representante do Departamento de Estado americano, as perspectivas para se alcançar uma resolução conjunta "não são boas".

Rússia e China se opõem a resoluções que visem pressionar economicamente o país, e também não concordam em outra solução para o impasse criado pelos Estados Unidos que não seja a via diplomática.

Trechos escolhidos pela mídia
Os Estados Unidos desdenharam a carta, dizendo que seu texto "não resolve a preocupação internacional sobre a segurança", que é gerada pelas atividades nucleares do Irã. As autoridades do Irã já tinham alertado que a carta não abordava a ameaça americana contra o país nesse sentido.
 Veja abaixo os principais trechos da carta, escolhidos pela mídia americana (Segundo autoridades americanas, a carta tem 18 páginas):

"É claro que Saddam Hussein era um ditador assassino. Mas a guerra não teve a intenção de derrubá-lo. O objetivo anunciado da guerra era encontrar e destruir as armas de destruição de massa. No entanto, o povo da região ficou feliz com isso. Mas vale lembrar que, por muitos anos, o Ocidente apoiou Saddam em sua guerra contra o Irã".

"Por que qualquer descoberta tecnológica e científica alcançada pelo Oriente Médio é vista e retratada como uma ameaça à região sionista? O conhecimento científico não é um dos direitos básicos das nações?"

"Será que a possibilidade de que os avanços científicos sejam utilizados para fins militares seja razão suficiente para se opor à ciência e à tecnologia?"

"Mentiras foram contadas na Guerra do Iraque. Qual foi o resultado? Não tenho dúvidas de que contar mentiras é repreensível em qualquer cultura, ninguém gosta de mentiras."

"Aqueles que estão no poder têm um período específico em seus cargos e não duram para sempre, mas seus nomes serão lembrados na história e constantemente julgados, em um futuro próximo ou distante".

"Por quanto tempo mais o sangue de homens, mulheres e crianças inocentes será espalhado nas ruas, casas serão destruídas sobre as cabeças de inocentes? Vocês estão satisfeitos com a atual condição do mundo? Vocês acreditam que as políticas atuais possam continuar?"

"A história nos mostra que governos cruéis e repressivos não sobrevivem. Deus confiou o destino dos homens a deles."

"Alguém pode negar os sinais de mudanças no mundo hoje? A situação atual do mundo é comparável a dez anos atrás? As mudanças acontecem rápido e podem vir com fúria."

"O liberalismo e a democracia nos modelos ocidentais não ajudou a concretizar os ideais da humanidade. Hoje, esses são conceitos falidos. Aqueles que têm visão podem ouvir os sons da queda da ideologia e dos pensamentos dos sistemas democráticos liberais."

Com agências internacionais