Sindicato preparado para enfrentar a Volks

O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba pretende amenizar os efeitos do anúncio de demissões feita pela Wolkswagen.

O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba promete traçar estratégias para amenizar os efeitos do anúncio de demissões na planta paranaense da Volkswagen e em outras três do País, assim que conhecer as pretensões da empresa dentro da política de cortes prevista. A reunião marcada para ontem entre o vice-presidente de Recursos Humanos para a América Latina da Volks, Josef-Fidelis Senn, e o sindicato local – que poderia esclarecer essa estratégia e confirmar os rumores de 1.400 demissões para a fábrica de São José dos Pinhais – acabou não acontecendo, já que a representação da companhia não aceitou a presença do presidente do Conselho de Política Automotiva do governo do Estado, Mário Lobo, convidado pelo sindicato.

Com isso, a esperança dos sindicalistas é promover negociações conjuntas através da Força Sindical Nacional e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que reúnem membros dos sindicatos locais onde há sedes da Volks hoje, em São Paulo, para definir as diretrizes de negociações.

O presidente do Sindicato da Grande Curitiba, Sérgio Butka, disse ter recebido com surpresa o anúncio do pacote de demissões. “Foi de cima para baixo, sem nenhuma reunião marcada com antecedência pela empresa”, disse. No entanto, os rumores de extinção do terceiro turno na montadora paranaense – que na terça-feira entrou em férias coletivas pela terceira vez este ano – já preparava os sindicalistas para o pior. “Agora nossa preocupação imediata é saber a real situação da empresa na planta do Paraná e no restante do Brasil e, a partir daí, estabelecer qual estratégia vamos adotar para evitar maiores prejuízos”, adiantou.

Este posicionamento deveria ter sido conhecido ontem pelo sindicato paranaense, quando o representante de RH da empresa para a América do Sul, Josef-Fidelis Senn, esteve na montadora, em São José dos Pinhais, para uma reunião com os sindicalistas. Na ocasião, a presença do representante do governo estadual, Mário Lobo, não foi aceita por Senn. Diante da recusa, os sindicalistas sequer entraram na sala. “O governo do Estado é credor da Volkswagen ao fazer dilação do ICMS e certamente está tão interessado nisso quanto os trabalhadores. Tanto o governo estadual como o federal têm de fazer parte da discussão para saber de que modo podemos amenizar esse problema”, justificou Butka. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos, desde 1999 a empresa teve isenção de R$ 400 milhões de reais em impostos, os quais só começará a pagar em 2015, e ainda com uma série de benefícios.

Os sindicalistas não acreditam, porém, que o motivo alegado pela empresa para as demissões, do real demasiadamente valorizado frente ao dólar – o que estaria dando prejuízos nas exportações – é único. “A empresa tinha projeto de demanda para este e o próximo ano e supúnhamos que dispunha de todos os postos para estes dois anos. Sabemos da questão do câmbio, mas, agora, queremos saber se tem algo por trás”, questionou o presidente do sindicato. A idéia é reavaliar a política usada para corte de gastos dentro da premissa de evitar prejuízos aos trabalhadores, já que 40% da produção do Paraná supre mercado externo e o temor, portanto, é que as demissões comecem pela planta paranaense – onde os trabalhadores não têm estabilidade de emprego por acordo, como acontece na fábrica da Via Anchieta, em São Paulo.

Força Sindical

A CUT e a Força Sindical vão se reunir hoje em São Bernardo do Campo, por intermédio das comissões de fábrica das unidades da Volkswagen de São José dos Pinhais, São Bernardo do Campo e Taubaté, para discutir ações conjuntas em defesa dos empregos dos trabalhadores da Volks. A estratégia acordada, no entanto, só deve ser divulgada na próxima terça-feira (9).

A preocupação da Força Sindical é com a repercussão das demissões em toda a cadeia produtiva. “Cada demissão na Volks pode resultar em até quatro nos setores de borracha e auto-peças, por exemplo”, diz o secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves. 

Paraná-Online e Agência Estadual de Notícias