Trabalhadores da Volks iniciam resistência às demissões

Da ´Tribuna Metalúrgica´*

Os trabalhadores na Volks iniciaram um movimento de resistência contra as 5.773 demissões anunciadas ontem pela montadora em três de suas fábricas no Brasil até 2008. S&atild

Os trabalhadores na Volks aprovaram ontem, em assembléia conjunta, um movimento de resistência contra o plano anunciado pela direção da montadora, que vai custar 3.672 demissões na planta Anchieta nos próximos três anos e mais 2.101 em Taubaté e Curitiba.
Só neste ano seriam 1.793 demissões na planta Anchieta, a grande maioria na produção, que aconteceriam depois de terminar o acordo de garantia de emprego, em novembro. A fábrica deixou claro que não renova esse acordo.


A Volks quer, além disso, reduzir custos em 25%, com implantação de processos produtivos como consórcio modular, com terceirização em massa, entre outras medidas.


“É inaceitável um projeto dessa natureza”, afirmou durante a assembléia o presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo.


“Nossa luta deverá ser longa, muito dura e de resistência, pois estaremos enfrentando um pesado ataque do neoliberalismo em escala mundial. Afinal, o grupo Volks quer demitir outros 20 mil trabalhadores na Alemanha, além de fechar outras plantas como a de Navarra, na Espanha”, disse.


Para Feijóo, o movimento de resistência terá de ser de todos os trabalhadores nas plantas da Volks. “Essa luta não pode ser isolada, em uma unidade só. Está na hora dos companheiros darem uma resposta mundial”, avisou.


Ele acredita que a multinacional quer se reestruturar no mundo todo a custa dos trabalhadores.
Em cada unidade a empresa usa uma razão diferente para as demissões e aqui no Brasil a alegação é o dólar muito baixo.


Feijóo disse que a resposta dos trabalhadores deve ser dura, senão as multinacionais entrarão num processo de reestruturação irracional e indiscriminado, a caminho de um tipo de trabalho semiescravo como ocorre hoje na China.

Luta é mundial e começa sem hora extra


Ainda nesta semana estarão reunidas as Comissões de Fábrica e sindicalistas das plantas Anchieta, Taubaté, Curitiba e São Carlos para definir as ações conjuntas de resistência.
A responsabilidade de cada companheiro e companheira é não fazer hora extra. A orientação geral é dizer não à hora extra e avisar o pessoal da Comissão de Fábrica onde houver pressão da chefia.


Feijóo vai levar ao Encontro Mundial dos Trabalhadores na Volks, que começa dia 8 na Alemanha, a proposta de uma articulação mundial contra as demissões no grupo.
O presidente do Sindicato também quer aprovar ações conjuntas durante o encontro de sindicatos de trabalhadores nos países onde a Volks tem plantas, que acontece a partir do dia 14 no México.


Ele acredita que a montadora quer aterrorizar os trabalhadores, para que todos aceitem pacificamente as demissões.


“Precisamos definir um plano de lutas consistente, que só será vitorioso se todos vestirem a camisa desta que será uma verdadeira guerra”, alertou Feijóo.

O governo está disposto a ajudar, diz Marinho


O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse ontem que vai procurar a Volks e os sindicatos de metalúrgicos para saber como o governo federal pode ajudar a resolver a crise e evitar as demissões.


Ele acredita que, se existe crise, ela não deve ser resultado do câmbio, mas sim decorrência de um processo de reestruturação mundial da multinacional.


“Não me parece que é o câmbio, senão não estariam demitindo na Alemanha”, comentou. Ele afirmou que o governo tem interesse em ajudar.


Marinho falou que os fatos serão analisados e, se o governo tomar medidas, ela vai ser para todo o setor e não para uma única empresa. “Não temos soluções para uma só empresa”, concluiu.

* Jornal dário do Sindicato
dos Metal´´urgicos do ABC