Itaú compra BankBoston e aumenta concentração bancária

Estudos do Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, indicam que um dos motivos que contribuem para o alto spread cobrado nos empréstimos no Brasil é concentração.

O Banco Itaú anunciou a aquisição dos ativos do BankBoston no Brasil. O pagamento será feito com 68,52 milhões de ações preferenciais do banco, avaliadas em R$ 4,5 bilhões. Roberto Setubal: em contrapartida, Bank of America assumirá 5,8% do capital do Itaú. A aquisição do BankBoston não altera o ranking dos maiores conglomerados financeiros privados brasileiros, mantendo o Bradesco na primeira posição em ativos, com R$ 209 bilhões, mas dá ao Itaú – segundo maior banco privado do país, agora com R$ 181,2 bilhões -a liderança em várias áreas. A principal delas é a de administração de recursos.
O banco passa a administrar R$ 168,7 bilhões, quase 40% mais que seu principal concorrente. O Itaú também dispara na liderança em custódia e passa a ser o primeiro no ranking de clientes de alta renda, agregando 178 mil novos correntistas. A expectativa do Itaú é de que a operação anunciada seja aprovada pelo Banco Central (BC) nos próximos 90 dias. Setubal dá a aprovação como certa, mas é crescente no BC a preocupação com a concentração bancária. Estudos do Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, indicam que um dos motivos que contribuem para o alto spread cobrado nos empréstimos no Brasil é concentração. Em 1994, o país tinha 246 bancos. Hoje, são 170, segundo dados da Austin Asis.

O Banco Itaú pretende fazer a integração do Boston nos seis meses seguintes à aprovação da operação pelo BC. A instituição brasileira (que tem suas ações negociadas por 4,8 vezes o valor patrimonial) pagou 2,2 vezes o valor patrimonial do Boston na aquisição. O ágio do negócio deverá ser amortizado integralmente, já no terceiro trimestre, e implicará uma redução de R$ 2,2 bilhões no resultado do Itaú (no ano passado, a instituição lucrou R$ 5,25 bilhões).

Com informações do
jornal Valor Econômico