Proposta americana de elitização da ONU perde por 108 a 50

Depois de perderem na Assembléia Geral a votação sobre a reforma das Nações Unidas, os Estados Unidos e seus aliados pretendem se vingar com o bolso: anunciaram que só pretendem pagar a sua próxima contribui&ccedil

A diplomacia americana contou com o apoio dos países europeus. Sua proposta de reforma administrativa basicamente reduzia o papel da Assembléia Geral, onde todas as nações têm direito a voz e voto em igualdade de condições. A proposta foi apresentada por Kofi Annan, secretário-geral da organização, mas com claro patrocínio de Washington.
A pretexto de restaurar a credibilidade da ONU, abalada por escândalos de corrupção, a reforma pretendia elitizar a Organização. Pretendia criar “um pequeno mas representativo grupo de Estados-membros com um claro mandato para aprovar e desaprovar propostas”. Um dos parágrafos chegava a falar em “examinar meios que permitam que as discussões estratégicas sejam realizadas em reuniões de dimensões manejáveis”. A intenção alegada era evitar “debates prolongados”.
A resistência partiu do Grupo dos 77 – que reúne países em desenvolvimento – mais  a China, tendo obtido também o voto da Rússia (os dois países são membros permanentes do Conselho de Segurança, o que eleva sua influência nos debates da ONU). As discussões foram acaloradas e se prolongaram por três dias. Por fim, a quinta comissão da Assembléia Geral aprovou o projeto de resolução dos países em desenvolvimento.

Ruins de voto, bons de grana

 Ficaram a favor da reforma elitizante os Estados Unidos, a União Européia e o Japão. E o bloco dos ricos não ocultou a ameaça de retaliação econômica: referiram-se a “lamentáveis e desagradáveis conseqüências, que ninguém deseja”, claro a reforma não fosse aprovada. EUA, União Européia e Japão respondem por 82% do dinheiro que custeia a ONU, e caso cumpram a ameaça podem sufocar o funcionamento da Organização.

O diplomata sul-africano Dumisani Kumalo, que preside o G-77, retrucou invocando os princípios da ONU. “O que está em jogo é o direito das nações pobres a ter voz em temas da administração da ONU, inclusive as decisões sobre o orçamento”, afirmou.
A derrota da sexta-feira foi a segunda dos Estados Unidos em poucos dias. Na outra, a diplomacia de Bush-Condoleezza tentou dominar o Conselho de Direitos Humanos da ONU, sediado em Genebra, mudando as regras de forma a impedir definitivamente a eleição para o CDH de países que não agradem os EUA.

Com agências