Lançada em Fortaleza cartilha contra violência doméstica

A fim de contribuir para a conscientização dos profissionais de mídia, foi lançada, na sexta-feira, dia 28, em Fortaleza, a cartilha "Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes", desenvolvid

A fim de contribuir para a conscientização dos profissionais de mídia, foi lançada, na sexta-feira, dia 28, em Fortaleza, a cartilha "Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes", desenvolvida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Centro de Combate à Violência Infantil (Cecovi). Segundo a representante do Centro, Leolina Couto Cunha, em alguns casos, acontece uma coisificação da infância, pois a criança é vista como um objeto, e não como um sujeito de direitos.

"Só podemos enfrentar esse fenômeno através de uma mudança cultural". Para Leolina, mais do que informar atos violentos contra crianças e adolescentes, a sociedade deve desconstituir alguns mitos e cobrar das autoridades políticas públicas efetivas para o combate às agressões. "Não adianta só prender o agressor. É preciso um trabalho de prevenção com a família", alerta.

A pesquisadora cita que, em muitas situações, os pais reproduzem nos filhos histórias de violência que viveram. Na maioria dos casos, elegem um determinado filho como "bode expiatório" e há cumplicidade entre os cônjuges, já que é raro um dos pais denunciar o outro. "É um conflito abafado em casa. E, se nada for feito, há reincidência em 50% a 60% das vezes".

Na ameaça, não existe dor física, mas há a violência psicológica. Quanto menor a idade da vítima, mais a ameaça surtirá efeito, explica ela. Para combater a violência sexual, será celebrado, no dia 18 de maio, o Dia Nacional de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes. Com o tema "Direitos sexuais são direitos humanos", a data faz parte de uma campanha nacional e é celebrada há seis anos no Estado.

Além de Fortaleza, haverá, em maio, mobilização em alguns municípios do interior do Ceará. Já houve em Várzea Alegre e outras iniciativas serão realizadas em Baturité (2 de maio), Quixadá (4 de maio), Boa Viagem (10 de maio), Sobral e Tianguá (11 de maio) e Beberibe (12 de maio). "É um processo de sensibilização, mas deve haver políticas públicas de enfrentamento ao abuso e à exploração sexual", declara Márcia Cristine Oliveira, da coordenação colegiada do Fórum Cearense de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.

SAIBA MAIS

MITOS

Mito da violência ser fruto da miséria
– A violência é universal e inerente a todas as classes sociais, religiões e raças.

Mito da família perfeita e da bondade dos pais
– Não se pode aceitar a violência praticada mesmo pelos pais. Existem pais e mães que não possuem estrutura para a paternidade e maternidade.
– 30% das agressões são cometidas por pais biológicos (a mãe agride mais e o pai causa lesões mais leves)
– Só 10% dos agressores têm distúrbios psiquiátricos graves.

VIOLÊNCIA FÍSICA
– 12% das 55,6 milhões de crianças no Brasil com menos de 4 anos sofrem algum tipo de violência.
– 35% dos agressores usam álcool.

VIOLÊNCIA SEXUAL
Mito: "Quem abusa sexualmente é um psicopata ou tarado que todos reconhecem na rua".
Verdade: 85% a 90% dos agressores são pessoas conhecidas pelas crianças; 30% são os pais e 60% são conhecidos pelos pais.

Mito: "A vitimação sexual de crianças é algo raro e jamais acontecerá com meu filho".
Verdade: 1 em 3 a 4 meninas e 1 em 6 a 10 meninos serão vítimas de abuso sexual até os 18 anos de idade

Mito: "As crianças inventam histórias e mentem que foram abusadas sexualmente"
Verdade: Só 8% das crianças inventam; 3/4 das histórias inventadas são induzidas por adultos.

Mito: "Quando as crianças não esboçam resistência, não existe abuso sexual".
Verdade: As crianças nunca devem ser vistas como culpadas.

Fonte: Pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) e citada pela representante do Centro de Comnbate à Violência Infantil (Cecovi), Leolina Couto Cunha.

 

Denúncias contra violência infantil e juvenil devem ser feitas pelos números 0800.99.0050 ou 155. As ligações para ambos são gratuitas. Mais informações podem ser obtidas pelo site www.cecovi.org.br

 

Com informações do jornal O POVO.