Câmara e Senado: dupla vitória da centro-esquerda italiana

A coalizão italiana União, de centro-esquerda, depois de uma vitória sob medida nas eleições parlamentares dos dias 9 e 10, confirmou seu triunfo neste sábado (29), ao eleger os presidentes da Câmara dos Deputados e

Com a dupla vitória, o líder da União, Romano Prodi, abre caminho para ser chamado a formar governo, pelo presidente da República, Carlo Azeglio Ciampi. Já a frente de centro-direita, Casa das Liberdades, do primeiro ministro em fim de mandato, Silvio Berlusconi, perde uma posição cobiçada para a oposição intransigente que pretende opor ao governo Prodi.

Dura disputa no Senado
 

A votação no Senado foi a mais disputada. Foi preciso fazer quatro votações para eleger o Franco Marini, por 165 dos 322 votos, apenas três de maioria. A Casa das Liberdades lançou Andreotti como um candidato para vencer: aos 87 anos de idade e 15 de senador vitalício, ele já foi primeiro ministro por nada menos que sete vezes, durante a era democrata-cristã, encerrada nos anos 90 pelos escândalos de corrupção que desembocaram na “Operação Mãos Limpas”.

Os senadores da centro-esquerda irromperam em aplausos ao fim da acirrada disputa. Marini, 73 anos, pertence à Margarida, uma frente moderada no interior da União.

Já a eleição de Bertinotti era tida como certa. Mas o secretário-geral da Refundação Comuinista teve que enfrentar um adversário dentro da própria coligação de centro-esquerda: Massimo D´Alema, dirigente dos Democratas de Esquerda (DS, na sigla em italiano), a designação do ex-Partido Comunista Italiano (PCI).

Na votação, Bertinotti teve 337 votos, contra 100 para D´Alema. Outros deputados, entre eles Berlusconi, tiveram votos isolados. Aos 66 anos de idade, ele dirige desde 1994 a Refundação, uma cisão dos que se rebelaram contra a tentativa de extinção do PCI.

O PRC na coalizão de centro-esquerda
 

Nas eleições de abril o PRC teve um notável crescimento parlamentar, passando de 16 para 68 representantes em ambas as casas do Parlamento (41 deputados e 27 senadores). A escolha de Bertinotti como presidente da Câmara, porém, foi feita pela União, com o apoio de Prodi, em nome da representação plural das forças que compõem esta vasta frente. Nela estão representadas desde uma ala da Democracia Cristã até o PRC, e o Partido dos Comunistas Italianos, cuja bancada também cresceu. A DS teve um desempenho modesto na eleição, embora se mantendo como a maior força da coalizão vencedora.

Com o resultado deste sábado, a Itália se soma a um reduzido porém crescente contingente de países capitalistas que possuem comunistas como presidentes das suas Câmaras de Deputados. Em 2004, Sommnath Chatterjee, um veterano deputado do Partido Comunista da Índia (Marxista), elegeu-se presidente da Lok Sabha – a Câmara dos Deputados indiana. Em 2005, Aldo Rebelo, do PCdoB, passou a presidir a Câmara brasileira. Bertinotti é o terceiro.

Com agências