John Catalinotto: o 1.º de maio e o Grande Boicote Americano

Em artigo publicado no jornal Avante!, John Catalinotto, do Worker's World, descreve a cada vez maior mobilização e conscientização dos trabalhadores nos Estados Unidos contra o neoliberalismo, que culminou este ano com manifes

Este ano, pode ter lugar a mais importante ação de 1 de Maio desde o Haymarket Protest de 1886, em Chicago, que inspirou o primeiro dia internacional do trabalhador.

Um novo movimento de trabalhadores eclodiu de repente nos EUA. O movimento mostrou pela primeira vez a sua força em 10 de março, quando os organizadores de uma manifestação em Chicago esperavam mobilizar alguns milhares de pessoas no protesto contra as novas leis anti-imigração propostas por congressistas reaccionários. Em vez disso, 200 mil pessoas saíram à rua em defesa dos direitos dos imigrantes indocumentados. Depois, em 25 de Março, entre 350 mil e 500 mil marcharam em Los Angeles, e centenas de milhares mais vão manifestar-se no próximo fim-de-semana por todo o país.

Para 9 e 10 de abril tinham sido agendados outros protestos em algumas das maiores cidades americanas. Em vez disso, o movimento começou com uma marcha de cerca de meio milhão de pessoas em Dallas, no Texas, e um total de três milhões de pessoas desfilaram em 140 vilas e cidades. Em muitos lugares assistiu-se à maior manifestação de protesto da história. Os estudantes saíram das escolas, os trabalhadores deixaram os postos de trabalho e mostraram a força econômica deste importante sector trabalhista.

A força motriz por trás deste movimento está em primeiro lugar nos trabalhadores oriundos do México e da América Central, seguindo-se depois todos os restantes da América Latina. O novo movimento conseguiu rapidamente o apoio de todos os grupos de imigrantes, tanto dos legalizados como dos que o não estão, e começou a atrair apoio organizacional tanto dos sindicatos que têm muitos imigrantes entre os seus membros como das mais ativas organizações de direitos cívicos na comunidade afro-americana.

Dado que estes trabalhadores vêm de países onde a classe trabalhadora tem uma consciência política e de classe mais forte do que os trabalhadores naturais dos EUA, é natural que olhem para o 1.º de Maio como o momento certo para o próximo e talvez o maior passo na sua luta. Os grupos mais ativos apelaram a uma combinação entre a falta ao trabalho e um boicote ao consumo no 1.º de Maio.

O apelo nacional para o 1.º de Maio — "Grande Boicote Americano de 2006; não às compras, não à escola, não ao trabalho" —, para exigir plenos direitos para os trabalhadores imigrantes e respectivas famílias, ganham cada vez mais força. Este apelo, iniciado pela Coligação de 25 de Março contra a HR4437 – uma coligação nascida fora de Los Angeles que trouxe centenas de milhares de imigrantes para as ruas – ligou a acção agendada para o 1.º de Maio com o boicote de 1955 aos transportes públicos em Montgomery, no Alabama. A proposta de lei HR4437 é a mais reacionária da meia dúzia de propostas sobre imigração apresentadas no Congresso.

Maio de luta nos EUA

O apelo tocou numa corda sensível para muitas comunidades de imigrantes. Muitos dos trabalhadores imigrantes celebravam o 1.º de Maio nos seus países de origem como o dia em que se comemora a luta da classe operária.

Em Los Angeles, os taxistas votaram a favor do encerramento do serviço LAX aeroporto e os camionistas vão fechar a estação de serviço. Estão marcadas manifestações nas grandes e pequenas cidades de todo o país, incluindo Los Angeles, San Francisco, Dallas, Chicago e Nova Iorque. É ainda possível que os estudantes e os trabalhadores levem a cabo iniciativas individuais e de grupo. Muitas pequenas empresas, em particular na comunidade mexicana, vão fechar.
Os comerciantes paquistaneses de Nova York decidiram fechar os seus estabelecimentos durante uma hora, no intervalo do almoço, no 1.º de Maio.
Na cidade de Nova Iorque, o Movimento ‘Marcha de Um Milhão de Trabalhadores’ e a Coligação ‘Tropas Fora Agora’, que já tinham planeado realizar uma manifestação e um desfile desde a Union Square, decidiram dar o seu apoio ao movimento pelos direitos dos imigrantes e à iniciativa ‘Grande Boicote Americano’. Estes grupos desfilaram e manifestaram-se no ano passado para reavivar o Dia de Maio (May Day) e estão a preparar-se activamente para voltarem a manifestar-se este ano.

"Nós apoiamos e abraçamos este movimento", disse Chris Silvera, tesoureiro do Teamsters Local 808 e presidente do Teamsters Black Caucus nacional, numa conferência de imprensa no City Hall. O seu sindicato local recebe no 1.º de Maio a Coligação "Grande Boicote Americano 2006", que integra muitas comunidades de imigrantes da cidade de Nova York, incluindo latinos, filipinos, asiáticos, africanos e caribenhos.

Os organizadores estão a preparar em todo o país o apoio político e legal a qualquer trabalhador ou estudante cujo patrão ou autoridade escolar tente exercer represálias pela sua participação nas iniciativas do 1.º de Maio.

Reproduzido do jornal Avante!