Irã repudia pressão de EUA e União Européia em questão nuclear

Mohamed Ahmadinejad disse hoje que o país vai ignorar a pressão exercida por EUA e União Européia, através da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), contra o seu programa de energia nuclear. O Conselho de

O Irã deve ignorar a pressão para que suspenda seus trabalhos atômicos, disse seu presidente nesta sexta-feira, horas antes da provável confirmação da agência nuclear da ONU de que Teerã não cumpriu as exigências do Conselho de Segurança.

 

"Aqueles que querem evitar que os iranianos obtenham seu direito devem saber que não damos a mínima para tais resoluções", disse Mahmoud Ahmadinejad em comício no noroeste do Irã, segundo a agência oficial de notícias Irna.

 

Desde que o Conselho de Segurança impôs a determinação de o Irã cessar seu projeto nuclear, as potências ocidentais aguardam o dia de hoje para começar a colocar em funcionamento os seus planos de intervenção na questão, que vão desde sanções econômicas até uma intervenção militar, cujos planos já estariam prontos, segundo revelou a mídia internacional no decorrer do último mês.

 

O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed el Baradei, deve relatar ainda nesta sexta-feira que o Irã se recusou a parar de enriquecer urânio e que "não está colaborando" com as "investigações" da AIEA, determinadas pelo Conselho de Segurança da ONU há um mês.

 

"Os inimigos pensam que… nos ameaçando, lançando guerra psicológica… impondo embargos, podem convencer nossa nação a não obter tecnologia nuclear", disse Ahmadinejad.

 
Irã reagirá se for atacado
 

Ele já havia declarado neste mês que o Irã enriqueceu urânio pela primeira vez, para uso em usinas nucleares, e que está pesquisando um aparelho para purificar o material ainda mais rapidamente, além de planejar a continuidade da produção de combustível em escala nuclear.

 

Nesta semana, o Irã prometeu reagir se for atacado por Washington, que tem se preparado mais para uma ação militar que diplomática. O embaixador do Irã na ONU disse na quinta-feira que Teerã não aceitará nenhuma decisão do Conselho de Segurança que signifique interromper e cessar sua pesquisa nuclear, "pois o Irã não representa ameaça à paz e à segurança mundiais".

 

"Se o Conselho de Segurança decidir tomar decisões que não são de sua competência, o Irã não se sente obrigado a obedecer", disse o embaixador iraniano, Javad Zarif.

 
De acordo com o figurino
 

Para um diplomata ocidental, cujo nome não foi revelado pela agência de notícias Reuters, "El Baradei obviamente vai dizer que, longe de parar o enriquecimento, o Irã está avançando", o que é uma resposta aguardada pelas potências ocidentais.

 

Mark Fitzpatrick, analista nuclear do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres, disse que o interesse no relatório de el Baradei está concentrado em como o texto classifica as afirmações do Irã de que fez rápido progresso no processo de enriquecimento.

 

"As respostas a tais questões serão importantes para ajudar o mundo a entender o grau de urgência da crise e do aspecto diplomático. Se a AIEA não puder dizer muito sobre o progresso do Irã, os políticos terão que contar mais com os cenários mais pessimistas", disse Fitzpatrick à Reuters.

 

Estados Unidos e União Européia querem impor sanções ao Irã caso o país prossiga com o seu projeto de energia nuclear. Já Rússia e China, outros dois membros do Conselho de Segurança que têm poder de veto até agora foram contra tais medidas, ressaltando que a questão deve ser decidida somente pela via diplomática.

 
Hipocrisia americana
 

A declaração mais patética do dia foi da Secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, que sustentou que "Para ter credibilidade, é claro que o Conselho de Segurança precisa agir. Ele não pode emitir uma opinião que seja simplesmente ignorada por um estado membro (da ONU)", disse, omitindo que seu país desobedeceu a ONU em relação à invasão e posterior ocupação do Iraque.

 

Segundo a Reuters, que abusa das citações não identificadas, "Diplomatas em Viena dizem que el Baradei ficou irritado com a recusa do Irã em fazer uma pausa no enriquecimento de urânio, mas que também não gostou da intervenção do conselho e das ameaças de sanção, que na opinião de membros veteranos da AIEA podem levar Teerã a retirar-se do Tratado de Não-Proliferação".

 

O Irã levantou tal possibilidade, ameaçando interromper sua colaboração com a AIEA e questionando o valor da participação no tratado sem ter direito de usar tecnologia nuclear pacífica. Inspetores da AIEA não encontraram provas de que o Irã tenha um programa militar atômico, mas el Baradei também frisou que não pode garantir que o país não esteja conduzindo um plano em segredo.

 

Com agências internacionais