Fotos mostram últimos momentos de Che

Foram descobertas recentemente fotos dos últimos momentos do guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, ícone mundial da esquerda e um dos líderes da Revolução Cubana, no interior da Bolívia. Na foto mais conhecida até hoje ele

As imagens chegaram em um envelope anônimo às mãos do escritor argentino Pacho O'Donnell, ex-secretário da Cultura da Argentina e autor de uma conhecida biografia do líder. As fotos foram publicadas primeiramente em fevereiro pelo jornal "Clarín" e, na semana passada, acompanhados de um ensaio assinado pelo próprio O'Donnell, publicadas na revista semanal "Noticias".

Clique aqui para ver a galeria de novas imagens divulgadas.

Por segurança, O'Donnell não revela quem lhe mandou o material. "Imagino quem me mandou, mas não posso dizer. Até hoje em La Higuera [Bolívia] há muito medo de falar sobre isso", disse. Na verdade, o biógrafo explica que as fotos já foram publicadas num livro de pouca circulação escrito por Federico Arana Serrudo, que era, em outubro de 1967, chefe da inteligência militar do Estado-Maior boliviano. "O texto era uma defesa dos militares que mataram Che, por isso não teve maior repercussão", afirma.

O'Donnell não procurou o militar boliviano nem sabe se está vivo. "Como todos os militares envolvidos na época, deve ter quase 80 anos hoje". Para ele, quem tirou as fotos foi o piloto do helicóptero que levou Che.

O'Donnell afirma que uma das fotos, a que ele aparece logo depois de receber os disparos, acaba com a controvérsia sobre a morte do Che. "Ele não morreu em confronto, foi assassinado", explica. "A foto em que Che olha para cima tem toda sua mística. Ele sabe que vai morrer, mas não há rancor nem ódio. Há serenidade. Essa foto não deve nada às duas que construíram a imagem do mito – a que está espalhada em camisetas pelo mundo e a dele morto. Essa se junta a elas agora".

Rota de Che

O'Donnell fez dezenas de entrevistas com pessoas que conheceram o guerrilheiro até sua babá. Ele conta que, na região boliviana de La Higuera onde morreu, há uma espécie de culto a Che. O escritor acredita que o fato de essas fotos terem ficado guardadas por quase 40 anos prova o quanto o personagem Che ainda está presente.

Na Bolívia, o governo de Evo Morales engavetou um projeto de lei que blindaria militares bolivianos que participaram da execução do Che, em 1967. O projeto chegou a ser aprovado pelo Congresso boliviano, mas não foi sancionado pelo então presidente Eduardo Rodríguez, que transmitiu o poder a Morales no final de janeiro.

Pela proposta, os militares seriam declarados eméritos e não poderiam ser afastados de suas funções. O projeto teria, porém, alcance limitado, já que a maioria dos militares que participaram da ação já morreu ou passou para a reserva.

Che vive

Em 8 de Outubro de 1967, Che foi ferido e preso pelas Forças Armadas Bolivianas numa ravina próxima da aldeia, chamada Quebrada del Churo. Ele ficou detido na escola, onde foi assassinado no dia seguinte. O corpo foi então levado para Vallegrande onde foi exposto e depois enterrado secretamente na pista do aeroporto.

Seus restos mortais foram localizados apenas em 1997, quando foram repatriados a Cuba e depositados com honras de Estado em Santa Clara, a 260 quilômetros a oeste de Havana – onde o guerrilheiro comandou em 1958 a investida que selou a sorte do ditador pró-imperialista Fulgêncio Batista. Na cidade, há um mausoléu visitado diariamente por milhares de pessoas.

Também é bastante procurada a rota que Che fez na Bolívia até ser morto, em La Higuera – situada no departamento de Santa Cruz, cerca de 150 quilômetros a sudoeste de Santa Cruz de la Sierra. O caminho se tornou um ponto turístico oficial em 2004, quando o governo boliviano desenvolveu um projeto para captação de recursos para ampliar o acesso às vias. As principais atrações turísticas são um monumento a Che e um memorial na antiga escola.

Da Redação
Com agências.